A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS NA PERSPECTIVA DO UNIVERSALISMO EPISTEMOLÓGICO E DA EDUCAÇÃO MULTICULTURAL CRÍTICA
DOI:
10.26571/reamec.v12.18095Palavras-chave:
Universalismo., Multiculturalismo., Educação Inclusiva., Relações étnico-raciais., Ciência.Resumo
Nesse trabalho, buscou-se levantar evidências, a partir de uma revisão bibliográfica, quanto ao papel dos conhecimentos dos povos tradicionais na construção de conceitos científicos, ou seja, de ideias diferentes do eurocentrismo, apoiadas no Universalismo Epistemológico, cujos principais defensores são Matthews (1994), Williams (1994) e Siegel (1997). Verificou-se que, para a construção de conhecimentos científicos, a perspectiva Multicultural Crítica, proposta por Mclaren (1997), em conformidade com os pressupostos da Pluralidade Epistemológica e do Modelo de Perfil Conceitual, é mais justa e humanitária, por considerar as relevantes contribuições dos povos tradicionais para a compreensão dos fenômenos naturais e do universo, promovendo, desse modo, uma Educação inclusiva, que prioriza as Relações Étnico-raciais, em busca da equidade na Educação. As evidências apontam que o papel do conhecimento dos povos tradicionais, como: dos africanos, dos quilombolas, dos indígenas brasileiros, entre outros, foi de difundir a origem de diferentes áreas do conhecimento, por exemplo: a astronomia, a agronomia, a hidráulica, a medicina, entre outras, além de provocar novas inquietações e motivações em todo o planeta, nos diferentes povos.
Downloads
##plugins.generic.paperbuzz.metrics##
Referências
ABRAMOWICZ, A.; RODRIGUES, T.C.; CRUZ, A.C. J. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea: Revista de Sociologia da UFSCar, n. 2, p. 85-97, 2011.
AIKENHEARD, G.S. Science education: Border crossing into the subculture of science. Studies in Science Education, 27, 1–52. 1996. DOI: 10.1080/03057269608560077
AIKENHEARD, G.S. Toward a First Nations cross-cultural science and technology curriculum. Science Education, 81, 217–238. 1997. DOI: 10.1002/(SICI)1098-237X(199704)81:2%3C217::AID-SCE6%3E3.0.CO;2-I
AIKENHEAD, G.S.; JEGEDE, O.J. Cruzar-Cultural Educação em Ciências: Uma Explicação Cognitiva de um Fenômeno Cultural. Revista de Pesquisa em Ciência Ensino, 36(3), 269-287. 1999 https://doi.org/10.1590/1516-731320220018
AFONSO, G. B. Mitos e estações no céu Tupi-Guarani. Scientific American Brasil, Brasil, p.46-55. 2006.
ALCOREZA, R.P. Epistemologia Pluralista. In: ZAMBRABA, A. (Editor). Pluralismo Epistemológico: reflexiones sobre la educación superior em el Estado Plurinacional da Bolivia. Cochabramba, Bolívia: FUNPROEIB Andes, 2014. p. 13-34
ALTERS, B.J. Should student belief of evolution be a goal. Reports of the National Center for Science Education, 17, 15–16. 1997.
ATWATER, M. M.; RILEY, J. P. Multicultural Science Education: perspectives, definitions, and research agenda. Science Education, Salem v. 77, n. 6, p. 661-668, 1993.
AUSUBEL, David Pearl (2000). The acquisition and retention of knowledge: a cognitive view. Dordrecht, Kluwer Academic Pubishers. 210 p.
BACHELARD, G. A epistemologia.10 ed. Tradução de Fátima Lourenço Godinho e Mário Carmino Oliveira. Lisboa: Edições 70. 2006.
BAPTISTA, G.C.S. Importância da demarcação de saberes no ensino de ciências para sociedades tradicionais. Ciência & Educação, v. 16, n. 3, p. 679-694, 2010. https://doi.org/10.1590/S1516-73132010000300012
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade Cultural. Brasília: MEC, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Governo Federal. Base Nacional Curricular Comum. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf. Acesso em: 28 fev. 2018.
CANDAU, V. M.; ANHORN, C. T. G. A questão didática e a perspectiva multicultural: uma articulação necessária. Trabalho apresentado na 23ª Reunião anual da ANPED. Caxambu, MG, 2000. Disponível em: https://www.sistema.anped.org.br/biblioteca/item/questao-didatica-e-perspectiva-multicultural-uma-articulacao-necessaria. Acesso em: 24 abr. 2024.
CASTAGNO, A. E.; BRAYBOY, B. M. J. Escolarização culturalmente responsiva para jovens indígenas: uma revisão da literatura. Revista de Pesquisa Educacional, 78(4), 941-993. 2008. https://doi.org/10.3102/0034654308323036
COBERN, W. W. Worldview theory and conceptual change in science education. Science Education, 80, 579-610. 1996.
COBERN, W. W.; LOVING, C. C. Defining “science” in a multicultural world: Implications for science education. Science Education, 85, 50-67. 2001.
COSTA, V.B. When science is “another world”: Relationships between worlds of family, friends, school, and science. Science Education, 79, 313–333. 1995.
CUNHA, C.; PAGAN, A. A.; WARTHA, E. W. Diversidade e preconceito no ensino de ciências: elementos para a formação de professores. Revista Vitruvian Cogitationes, v. 1, n. 1, p. 50-64, 2020. DOI: https://doi.org/10.4025/rvc.v1i1.63584
DAMASCENO JÚNIOR, J. A.; CAVALCANTE ROMEU, M. O Planetário como recurso metodológico para facilitar o ensino de Física por meio da ruptura entre o conhecimento científico e o conhecimento comum. Revista Prática Docente, [s. l.], v. 3, n. 1, p. 231–248, 2018. DOI: 10.23926/RPD.2526-2149.2018.v3.n1.p231-248.id206. Disponível em: https://periodicos.cfs.ifmt.edu.br/periodicos/index.php/rpd/article/view/612. Acesso em: 30 maio. 2024.
EL-HANI, C.N.; MORTIMER, E.F. Educação multicultural, pragmatismo e os objetivos do ensino de ciências. Culto. Viga. Ciência. Educ. 2 , 657–702. 2007.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
GIL-PÉREZ, D. et al. Para uma imagem não deformada do trabalho científico. Ciência e Educação, v. 7, n. 2, p. 125-153, 2001.
JEGEDE, O. Collateral learning and the eco-cultural paradigm in science and mathematics education in Africa. Studies in Science Education, 25, 97–137. 1995.
JEGEDE, O.J.; OKEBUKOLA, P.A. The effect of instruction on socio-cultural beliefs hindering the learning of science. Journal of Research in Science Teaching, 28, 275–285. 1999.
KAWAGLEY, A. O.; NORRIS‐TULL, D.; NORRIS‐TULL, R. A. A cosmovisão indígena da cultura Yupiaq: sua natureza científica e relevância para a prática e o ensino de ciências. Revista de Pesquisa em Ensino de Ciências: Diário Oficial da Associação Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências, v. 35, n. 2, p. 133-144, 1998. https://doi.org/10.1002/(SICI)1098-2736(199802)35:2<133::AID-TEA4>3.0.CO; 2-T
LAWSON, A. E.; WESER, J. The rejection of nonscientific beliefs about life: Effects of instruction and reasoning skills. Journal of Research in Science Teaching, 27, 589-606. 1990.
MADDOCK, M.N. Science education: An anthropological viewpoint. Studies in Science Education, 8, 1–26. 1981.
MALUF, V. J. A contribuição da epistemologia de Gaston Bachelard para o ensino de ciências: uma razão aberta para a formação do novo espírito científico: o exemplo na astronomia.Tese (Doutorado em Educação Escolar). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara, 165 pp. 2006.
MATTHEWS, M. R. Science teaching: The role of history and philosophy of science. (New York: Routledge). 1994.
MOREIRA, M. A. Desafios no ensino da física. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 43, p. e20200451, 2021. https://doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2020-0451
NORMAN, O. Beyond Kuhn: The Epistemology and Historiography of an Inclusive Sociocultural Discourse on Science, In FINLEY, F.; ALLCHIN, D; RHESS; FIFICD, S. (eds.). Proceedings of the Third International History, Philosophy, and Science Teaching Conference, University of Minnesota, Minneapolis, MN, 858. 1995.
OGUNNIYI, M.B. Adapting Western science to traditional African culture. International Journal of Science Education, 10, 1–9. 1998.
OLIVEIRA, E.; LEITE, C. Astronomia Cultural nos Livros Didáticos de Ciências aprovados no PNLD 2017. Disponível em: https://abrapec.com/enpec/xii-enpec/anais/resumos/1/R1741-1.pdf. Acesso: Acesso em: 18 jul. 2024.
OLIVEIRA, E.; L. Cristina. Multiculturalismo na educação básica: uma análise da astronomia cultural nos livros didáticos de física aprovados no PNLD 2018. 2018, Anais.. São Paulo: SBF, 2018. Disponível em: https://sec.sbfisica.org.br/eventos/epef/xvii/sys/resumos/T0273-1.pdf. Acesso em: 18 jul. 2024.
ROSA, I. S. C.; ALMEIDA, R. O.; SANTANA, C. S. C.. Universalismo, pluralismo epistemológico e multiculturalismo crítico: problematizando a possibilidade de uma nova posição epistemológica. Rev. Espaço do Currículo, v. 13, p. 726-742, 2020. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13nEspecial.54136
SIEGEL, H. Science education: multicultural and universal. Interchange, 28, 97-108. 1997.
SANTOS, O. C. et al . Abordagens de etnoastronomia nos livros de ciências distribuídos em 2020 pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Rev. enseñ. fís., Cordoba , v. 35, n. 2, p. 1-16, sept. 2023. Disponible en <http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2250-61012023000200001&lng=es&nrm=iso>. accedido en 18 jul. 2024. Epub 19-Dic-2023. http://dx.doi.org/10.55767/2451.6007.v35.n2.43672.
SMITH, M. U.; SIEGEL, H. Knowing, believing, and understanding: What goals for science education? Science & Education, 13, 553-582. 2004.
VAZ, W. F. Ensino de Química e Cidadania: Análise dos Livros Didáticos de Química do Programa Nacional do Livro Didático. Revista Virtual de Química, v. 12, n. 1, 2020. Disponível em: https://rvq-sub.sbq.org.br/index.php/rvq/article/view/3198. Acesso em: 18 jul. 2024.
WILLIAMS, H. A critique of Hodson’s “In search of a rationale for multicultural science education”. Science Education, 78, 515-520. 1994.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 José Ademir Damasceno Júnior, Francisco Herbert Lima Vasconcelos, Daniel Brandão Menezes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Política de Direitos autorais
Os autores mantêm os direitos autorais de seus trabalhos publicados na Revista REAMEC, atendendo às exigências da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, enquanto a revista utiliza um modelo de licenciamento que favorece a disseminação do trabalho, particularmente adotando a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0).
Os direitos autorais são mantidos pelos autores, os quais concedem à Revista REAMEC os direitos exclusivos de primeira publicação. Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em website pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico. Os editores da Revista têm o direito de realizar ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Política de Acesso Aberto/Livre
Os manuscritos publicados na Revista REAMEC são acessíveis gratuitamente sob o modelo de Acesso Aberto, sem cobrança de taxas de submissão ou processamento de artigos dos autores (Article Processing Charges – APCs). A Revista utiliza Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) para assegurar ampla disseminação e reutilização do conteúdo.
Política de licenciamento - licença de uso
A Revista REAMEC utiliza a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0). Esta licença permite compartilhar, copiar, redistribuir o manuscrito em qualquer meio ou formato. Além disso, permite adaptar, remixar, transformar e construir sobre o material, desde que seja atribuído o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.