AS PERCEPÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO SEGUNDO AS ÁRBITRAS DOS JOGOS ESCOLARES DA JUVENTUDE EM MATO GROSSO

Autores

Palavras-chave:

Arbitragem, Violência, Gênero, Jogos Escolares

Resumo

O presente artigo busca apresentar uma pesquisa na qual se alvitrou compreender e cotejar às diferentes manifestações de violências, segundo a percepção das árbitras participantes dos Jogos Escolares da Juventude do Estado de Mato Grosso. Para tanto, desenvolveu-se uma investigação sob pressupostos qualitativos, de natureza exploratória, recorrendo a História Oral enquanto técnica de coleta de dados, entrevistando três árbitras que atuaram nesses jogos em 2017. Com base nos dados identificou-se a existência de atitudes de violência direcionadas a elas, sob a égide de incapacidade feminina mediante a sua posição de poder, controle e autonomia nos jogos, entendimento assentado em representações de gênero marcadamente machistas e sexistas e que são naturalizadas e instituídas historicamente. Ademais, essa atmosfera de violência, compromete, de algum modo, o potencial formativo e o desenvolvimento dos jovens atletas inseridos em tal ambiente.

Biografia do Autor

Viviane Teixeira Silveira, UDELAR - Universidad de la República/UY

Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas (2004), mestre em Educação - área de concentração Educação, Cultura e Tecnologia pela Universidade Federal do Paraná (2008). Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas - área de concentração Condição Humana na Modernidade (2013) pela Universidade Federal de Santa Catarina/Bolsista CNPq. Doutorado sanduíche na Université de Strasbourg, sob supervisão do prof. David Le Breton/Bolsista CAPES. Atualmente é docente do curso de Licenciatura em Educação Física e do Programa de Mestrado em Educação Física do Instituto Superior de Educación Física da Universidad de la Republica/Uruguai. Dedica-se a pesquisas realizadas área de Educação Física e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero e sexualidade, história das práticas corporais e esportivas, formação de professores/as.

Kleber Tuxen Carneiro, UFLA - Universidade Federal de Lavras

Graduado em Educação Física e Pedagogia, especialista em Pedagogia do Movimento, com Mestrado e Doutorado em Educação Escolar pela FCLAr-Unesp. No momento desenvolve estágio de Pós-Doutoramento em Educação junto a Faculdade de Educação da Unicamp. Realiza pesquisas com enfoque epistemológico sob os seguintes eixos temáticos: Teoria do Jogo; Estudos sobre Memória e constituição da Cultura Lúdica; Aspectos Didático do ensino; Estudos sobre a(s) Infância(s) e a Educação Infantil e Pesquisas históricas em Educação/Educação Física. Atualmente é docente na Universidade Federal de Lavras (UFLA) no Departamento de Educação Física, tanto quanto no Programa de Pós Graduação em Educação na mesma instituição. Participa como pesquisador junto ao GEFORDEF - Grupo de Estudo/Pesquisa sobre Formação Docente em Educação Física.

Dominique Stefany Gomes dos Santos, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso

Graduada em Licenciatura em Educação Física pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2017). Atuou como Professora do Programa Forças no Esporte (PROFESP/2018). Atualmente é Pós-Graduanda em Violência Escolar pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Integrante do Projeto de Pesquisa em Estado da Arte sobre pesquisas em Educação e Sexualidade - 2003 a 2018, institucionalizado pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Pesquisa e atua principalmente nos seguintes temas: Educação Física escolar; Esportes; Gênero e Sexualidade, Violência escolar.

João Carlos Martins Bressan, UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso

Doutorando em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP/Rio Claro/SP. Mestre em educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (2014). Especialista em tecnologias da educação pela Pontifícia Universidade Católica/RJ (2010) e graduado em Licenciatura Plena em Educação Física pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí/PR (2006). Atualmente é docente da Faculdade de Ciências da Saúde no curso de Educação Física da Universidade do Estado de Mato Grosso. Líder do Laboratório de Estudos em Pedagogia do Jogo - LEPEJ. Coordenador do projeto de extensão PROAT - UNEMAT (projeto de atletismo). É pesquisador da rede CEDES/MT e também do CIPEEF/UNEMAT (Centro Interdisciplinar de Pesquisas em Esporte e Exercício Físico). Participa ainda enquanto conselheiro do conselho municipal de Esporte e Lazer do município de Cáceres/MT e em projetos de pesquisa e extensão que tem como principais temáticas: formação de professores; pedagogia do jogo; estudos aplicados em pedagogia do esporte e esporte e desenvolvimento humano.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual da História Oral. São Paulo: Editora FGV, 2004.

ARAÚJO, Angela Maria Carneiro; LOMBARDI, Maria Rosa. Trabalho informal, gênero e raça no Brasil do início do século XXI. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, SP, v.43, n.149, p. 452-477, mai./ago. 2013.

BARROSO, Mario Luiz C.; VELHO, Nivia Marcia; FENSTERSEIFER, Alex Christiano Barreto. A violência no futebol: revisão sócio-psicológica. Rev. Bras. Cine. Des. Hum. Santa Catarina, SC, v.7, n. 1, p.64-74, 2005.

BONI, Valdete; QUARESMA, Sílvia Jurema. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC. Santa Catarina, SC, v.2, n.1, p.68-80, jan./jul. 2005.

BOSCHILIA, Bruno. Futebol e violência em campo: análise das interdependências entre árbitros, regras e instituições esportivas. 2008. 192f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Paraná, UFPR, Paraná, PR, 2008.

BOSCHILIA, Bruno; AFONSO, Gilmar Francisco; ALVES, Pedro Belivaqua Pupo Ferreira. Os árbitros e a violência no futebol. In: 1º Encontro da ALESDE, 2008. Anais... Curitiba: UFPR, 2008. s/p.

BOSCHILIA, Bruno; VLASTUIN, Juliana; MARCHI JR, Wanderley. Futebol, violência e arbitragem: algumas leituras figuracionistas. In: XXVI Congreso de la Asociación Latinoamericana de Sociología. Anais... Guadalajara: México, 2007. s/p.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

BRESSAN, João Carlos Martins., et al. Arbitragem no contexto do esporte escolar: percepções de violência narradas por árbitros. Journal Phys. Educ. Maringá, PR, v. 30, e3056, 2019.

CARON, Ana Elisa Guginski et al. A mulher e o poder na estrutura esportiva do estado do Paraná – Brasil. Revista da ALESDE – Associación Latinoamericana de Estudios Socioculturales del Desporto. Curitiba, v. 6, n. 2, p. 1-14, set./2015. Disponível em: <http://revistas.ufpr.br/alesde/article/view/42270>. Acesso em: 03 abril, 2018.

ELIAS, Norbert; DUNNING, Eric. A Busca da Excitação. Lisboa: DIFEL, 1992.

FERNANDES, Maria das Graças Melo. O corpo e a construção das desigualdades de gênero pela ciência. Revista de Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, RJ, v. 19, n. 4, p. 1051-1065, 2009.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

FRANÇOIS, Etienne. A fecundidade da história oral. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (Coords.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, p. 4-13, 2006.

GOELLNER. Silvana Vilodre. A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades e o reconhecimento da diversidade. Cadernos de Formação RBCE, p.71-83, mar./2010. Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/cadernos/article/view/984. Acesso em: 03 abr. 2018.

_______________. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história. Pensar a prática, v. 8, n. 1, p. 85-100, jan./jul. 2005.

_______________. Mulheres e esporte: sobre conquistas e desafios. Revista do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, Ano II, número 4, Brasília 2012. Disponível em: http://www.observatoriodegenero.gov.br/menu/publicacoes. Acesso em: 03 abr. 2018.

GOMES, Romeu. Análise e interpretação de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org); DESLANDES, Suely Ferreira; GOMES, Romeu. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2010, p. 79-108.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: EDUNESP, 2009. p. 67-75.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Definindo História Oral e Memória. Cadernos CERU - nº 5, série 2, p. 52-60, 1994.

_______________. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 2002.

MINAYO, Maria Cecília de Souza et al. Métodos, técnicas e relações em triangulação. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza; ASSIS, Simone Gonçalves de; SOUZA, Edinilsa Ramos de. (Orgs). Avaliação por triangulação de métodos: Abordagem de Programas Sociais. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2010, p. 71-103.

MONTEIRO, Igor Chagas. Mulheres de preto: trajetórias na arbitragem de futebol profissional. 2016. 129f. Dissertação (Mestrado em Educação Física, Movimento Humano e Diversidade) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Faculdade de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF, Juiz de Fora, MG, 2016.

MONTEIRO, Igor Chagas; NOVAIS, Mariana Cristina Borges; MOURÃO, Ludmila. Treinando para passar: representações de árbitras de futebol sobre o teste físico. In: XX Congresso Brasileiro de Ciência do Esporte e VII Congresso Internacional de Ciências do Esporte. 2017. Anais...Goiânia, GO: CBCE, 2017, v. 1, p. 2154-2158.

NASCIMENTO, Aline Santos; NUNES, Mário Luiz Ferrari. A mulher árbitra de futsal: entre a norma e a resistência. Interseções: Revista de Estudos Interdisciplinares. Rio de Janeiro, RJ, v. 16, n. 1, p. 197-216, jun. 2014.

PAIM, Maria Cristina Chimelo. Violência contra a mulher no esporte sob a perspectiva de gênero. 2006. 121f. Tese (Doutorado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul, PUCRS, Porto Alegre, RS, 2016.

PORTELLI, Alessandro. A filosofia e os fatos. Narração, interpretação e significado nas memórias e nas fontes orais. Rio de Janeiro: Tempo, 1996.

SAMPIERI, Roberto Hernandez; COLLADO, Carlos Fernandéz; LUCIO, Maria de Pilar Baptista. Metodologia de pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2013.

SOUSA, Eustáquia Salvadora de; ALTMANN, Helena. Meninos e meninas: Expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cadernos Cedes, ano XIX, n 48, p. 52-68. Agos./99.

Downloads

Publicado

2019-12-09

Como Citar

Silveira, V. T., Carneiro, K. T., dos Santos, D. S. G., & Bressan, J. C. M. (2019). AS PERCEPÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA DE GÊNERO SEGUNDO AS ÁRBITRAS DOS JOGOS ESCOLARES DA JUVENTUDE EM MATO GROSSO. Corpoconsciência, 23(3), 31–42. Recuperado de https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/8930

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>