RACISMO AMBIENTAL: LEVANTAMENTO E ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA (2013 A 2023)
DOI:
https://doi.org/10.26571/reamec.v13.17843Palavras-chave:
Desigualdades Socioambientais, Educação Ambiental, Produção Científica, Racismo AmbientalResumo
Racismo ambiental é uma expressão usada para nomear o fato de que os riscos e os impactos socioambientais provenientes da exploração de recursos naturais ou de descarte de resíduos, destinados de forma desigual, atingem diretamente as populações mais vulneráveis e sem participação nos processos de decisões sociais. O racismo ambiental se caracteriza pela ausência de políticas públicas que poderiam mitigar esses impactos na vida das populações. O presente estudo teve como objetivo identificar as principais características das pesquisas sobre racismo ambiental na literatura acadêmica no período de 2013 a 2023. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados Google Acadêmico, Periódicos Capes e Dialnet, a partir de três descritores: racismo ambiental e Educação Ambiental crítica; racismo ambiental e ensino de biologia; racismo ambiental e educação. Os dados apontam que os anos mais produtivos sobre a temática racismo ambiental foram 2020, 2021 e 2022 e estão mais associados ao campo de Educação Ambiental, tanto em relação aos Periódicos/Revistas acadêmico-científicos quanto na interface entre as temáticas. De forma complementar, tem-se a predominância do Sudeste e do Nordeste como regiões que concentram os/as autores/as das pesquisas, um dado importante para entender a distribuição regional da produção científica no país. Outro ponto a considerar é o perfil da população afetada e como a expressão do racismo ambiental pode ser diversificada. Há inúmeros desafios para a inserção do tema nos currículos escolares, dentre os quais, a dificuldade de colocar em discussão pontos sensíveis que desestabilizam a estrutura social. Espera-se que esta pesquisa contribua para a construção de conhecimento sobre racismo ambiental e constitua uma referência útil para fomentar o debate na área.
Downloads
Referências
ABREU, Ivy de Souza. Biopolítica e Racismo: uma análise da realidade ambiental brasileira. Derecho y Cambio Social, [S. l.], p. 1-11, 2014.
ACSELRAD, Henri. Justiça ambiental e construção social do risco. Desenvolvimento e Meio Ambiente, [S. l.], n. 5, p. 49-60, 2002. http://dx.doi.org/10.5380/dma.v5i0.22116
ACSELRAD, Henri; MELLO, Cecília Campello do Amaral; BEZERRA, Gustavo das Neves. O que é Justiça Ambiental. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. O que é o marco temporal e quais são os argumentos favoráveis e contrários. 2023. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/966618-o-que-e-marco-temporal-e-quais-os-argumentos favoraveis-e-contrarios/. Acesso em: 14 out. 2023.
CABRAL, Raimunda Ediane da Silva; DA SILVA, Luciana Evangelista; MALHEIRO, João Manoel da Silva. A decolonialidade na feitura da ciência em um Clube de Ciências. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, p. 1-18, 2020. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4053
CURZI, Yasmin; THOMAZ, Giullia; ABBAS, Lorena. O que é racismo ambiental? Para onde a Internet levou o debate do termo a partir da fala da ministra Anielle Franco. 2024. Disponível em: https://midiademocracia.fgv.br/estudos/o-que-e-racismo-ambiental-para-onde-internet-levou-o-debate-do-termo-partir-da-fala-da. Acesso em: 20 fev. 2024.
EDUCAÇÃO INTEGRAL (@cr.educacaointegral). Entrevista sobre racismo ambiental, realizada em 23 nov. 2022. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/ClUbG_KP6cs/?utm_source=ig_embed&utm_campaign=embed_video_watch_again. Acesso em: 18 nov. 2023.
FELIPE, Fabiana Alvarenga; SILVA, Dayane dos Santos; COSTA, Áurea de Carvalho. Uma base comum na escola: análise do projeto educativo da Base Nacional Comum Curricular. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, [S. l.], v. 29, n. 112, p. 783- 803, jul./set. 2021. https://doi.org/10.1590/S0104-40362021002902296
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HENRIQUES, Isabel de Castro. De escravos a indígenas: o longo processo de instrumentalização dos africanos (séculos XV-XX). Lisboa: Caleidoscópio, 2020.
JESUS, Vitor. Racionalizando o olhar (sociológico) sobre a saúde ambiental em saneamento da população negra: um continuum colonial chamado racismo ambiental. Saúde e Sociedade, [S. l.], v. 29, n. 2, p. 1-15, 2020. https://doi.org/10.1590/S0104-12902020180519
JOAQUIM, Bruno dos Santos; OLIVEIRA, Lucila Pesce. Paulo Freire na genealogia da pedagogia decolonial: uma leitura de extensão ou comunicação? Inter-Ação, [S. l.], v. 46, n. ed. esp., p. 914-929, set. 2021. https://doi.org/10.5216/ia.v46ied.especial.68056
LAYRARGUES, Philippe Pomier; LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. Mapeando as macrotendências político-pedagógicas da Educação Ambiental no Brasil. In: VI Encontro Pesquisa em Educação Ambiental – Anais do VI EPEA, 2011. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/images/stories/biblioteca/educacao_ambiental/Layrargues_e_Lima_-_Mapeando_as_macro-tend%C3%AAncias_da_EA.pdf. Acesso em: 25 fev. 2024.
LORENA, Allan Gomes; SOUSA, Alessandra Assunção; RODRIGUES, Victoria de Araújo da Costa; FILHO, Elvis Gomes Marques; FIGUEIREDO, Luciano Silva; CARVALHO, Eliana Pereira. Racismo ambiental e saúde: a pandemia de Covid-19 no Piauí. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 31, n. 2, 2022. https://doi.org/10.1590/S0104-12902022210494pt
MAIA, Fernando Joaquim Ferreira; FARIA, Mayara Helenna Veríssimo. Colonialidade do poder: a formação do eurocentrismo como padrão de poder mundial por meio da colonização da América. INTERAÇÕES, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 577-596, jul./set. 2020. https://doi.org/10.20435/inter.v21i3.2300
MALERBA, Juliana. A luta por justiça socioambiental na agenda feminista: visibilizando alternativas e fortalecendo resistências. In: ARANTES, Rivani (org.); GUEDES, Vera (org.). Mulheres, Trabalho e Justiça Socioambiental. Recife: SOS CORPO/Instituto Feminista para Democracia, 2010. p. 13-24.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.); DESLANDES, Suely Ferreira; GOMES, Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 28. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
NASSI-CALÒ, Lillian. O papel dos artigos de revisão vai além de sintetizar o conhecimento atual sobre um tema de pesquisa [online]. SciELO em Perspectiva, 2021. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2021/07/14/o-papel-dos-artigos-de- revisao-vai-alem-de-sintetizar-o-conhecimento-atual-sobre-um -tema-de-pesquisa/. Acesso em: 06 out. 2023.
OLIVEIRA, Ercilene do Nascimento Silva de; SANTOS, Sammya Danielle Florencio dos; SILVA, Fabrícia Souza da; FACHÍN-TERÁN, Augusto. Caixa da Natureza: uma proposta para a educação ambiental em espaços não-formais. REAMEC – Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, Cuiabá, v. 9, n. 1, e21020, janeiro-abril, 2021. https://doi.org/10.26571/reamec.v9i1.11419
OLIVEIRA, Mariana Clara Magalhães. O combate ao racismo ambiental: como garantir a prevenção e a mitigação de danos ambientais para populações vulneráveis? Inteligência Jurídica, [S. l.], 2023. Disponível em: https://www.machadomeyer.com.br/pt/inteligencia-juridica/publicacoes-ij/ambiental/o-combate-ao-racismo-ambiental. Acesso em: 25 nov. 2023.
PACHECO, Tania; FAUSTINO, Cristiane. A Iniludível e Desumana Prevalência do Racismo Ambiental nos Conflitos do Mapa. In: PORTO, Marcelo Firpo; PACHECO, Tania; LEROY, Jean Pierre (orgs.). Injustiça ambiental e saúde no Brasil: o Mapa de Conflitos [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013, p. 73-114.
PASSOS, Maria Clara Araújo. O currículo frente à insurgência decolonial: constituindo outros lugares de fala. Cadernos de Gênero e Tecnologia, [S. l.], v. 12, n. 39, p. 196-209, jan./jun. 2019. http://dx.doi.org/10.3895/cgt.v12n39.9465.
PODER 360. Governo publica texto sobre “racismo ambiental” após fala de Anielle. Disponível em: https://www.poder360.com.br/governo/governo-publica-texto-sobre-racismo-ambiental-apos-fala-de-anielle. Acesso em: 20 fev. 2024.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, 2005. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2591382/mod_resource/content/1/colonialida de_do_saber_eurocentrismo_ciencias_sociais.pdf. Acesso em: 1 nov. 2023.
REDE BRASILEIRA DE JUSTIÇA AMBIENTAL. Quem somos. 200- Disponível em: https://rbja.org/a-rede/. Acesso em: 16 dez. 2023.
REDÓ, Pedro Garbelim. A educação crítica como instrumento de combate ao racismo ambiental brasileiro. 2022. 51f. TCC (Graduação). Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. Bauru, São Paulo, 2022.
SANTOS CABELEIRA, M. D.; BIANCHI, V.; PANSERA DE ARAÚJO, M. C. Desafios de professores no desenvolvimento da educação ambiental no currículo escolar. REAMEC – Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 1-24, 2022. https://doi.org/10.26571/reamec.v10i2.13342
SANTOS, Carolina Câmara Pires; DE SOUZA, Emerson; DE SOUZA, Emília Maria; PINTO, Paula Máximo de Barros; MENDONÇA, Rafael da Mota. A Comunidade do Horto e a luta por um território ancestral, no contexto do racismo ambiental. RioOnWatch, 2021. Disponível em: https://rioonwatch.org.br/?p=57576. Acesso em: 21 nov. 2023.
SIDONE, Otávio José Guerci; HADDAD, Eduardo Amaral; MENA-CHALCO, Jesús Pascual. A ciência nas regiões brasileiras: evolução da produção e das redes de colaboração científica. TransInformação, Campinas, v. 28, n. 1, p. 15-31, jan./abr., 2016. https://doi.org/10.1590/2318-08892016002800002.
TIRIBA, Lea; GUIMARÃES, Mauro. Infâncias, cuidado, liberdade, pertencimento: inspirações indígenas para uma pedagogia nativa. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, [S. l.], v. 40, n. 2, p. 230-249, maio/ago. 2023. https://doi.org/10.14295/remea.v40i2.15538
TONIAL, Felipe Augusto Leques; MAHEIRIE, Kátia; GARCIA JR., Carlos Alberto Severo. Resistências à colonialidade: definições e fronteiras. Revista de Psicologia da UNESP, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 18-26, 2017.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UEP. Faculdade de Ciências Agronômicas. Tipos de revisão de literatura. Botucatu, 2015. Disponível em: https://www.fca.unesp.br/Home/Biblioteca/tipos-de-evisao-de-literatura.pdf. Acesso em: 18 dez. 2023.
VERRANGIA, Douglas. A educação das relações étnico-raciais: uma proposta teórico- metodológica para a desconstrução de estereótipos na educação em ciências e biologia. Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio, [S. l.], v. 15, n. esp. 2, p. 492-512, 2022. https://doi.org/10.46667/renbio.v15inesp2.782
VIEIRA, Valéria; BIANCONI, Lucia; DIAS, Monique. Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 4, out./dez. 2005.
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252005000400014. Acesso em: 20 nov. 2023.
WALSH, Catherine; OLIVEIRA, Luiz Fernandes; CANDAU, Vera Maria. Colonialidade e pedagogia decolonial: para pensar uma educação outra. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, [S. l.], v. 26, n. 83, 2018. https://doi.org/10.14507/epaa.26.3874
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Como Citar
Licença
Copyright (c) 2025 Zilene Moreira Pereira, Laura Moreira Pinto Santiago

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Política de Direitos autorais
Os autores mantêm os direitos autorais de seus trabalhos publicados na Revista REAMEC, atendendo às exigências da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, enquanto a revista utiliza um modelo de licenciamento que favorece a disseminação do trabalho, particularmente adotando a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0).
Os direitos autorais são mantidos pelos autores, os quais concedem à Revista REAMEC os direitos exclusivos de primeira publicação. Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em website pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico. Os editores da Revista têm o direito de realizar ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Política de Acesso Aberto/Livre
Os manuscritos publicados na Revista REAMEC são acessíveis gratuitamente sob o modelo de Acesso Aberto, sem cobrança de taxas de submissão ou processamento de artigos dos autores (Article Processing Charges – APCs). A Revista utiliza Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) para assegurar ampla disseminação e reutilização do conteúdo.
Política de licenciamento - licença de uso
A Revista REAMEC utiliza a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0). Esta licença permite compartilhar, copiar, redistribuir o manuscrito em qualquer meio ou formato. Além disso, permite adaptar, remixar, transformar e construir sobre o material, desde que seja atribuído o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.















































































