HÉLIO-3 COMO FONTE ENERGÉTICA NA ERA DO ANTROPOCENO: PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
DOI:
10.26571/reamec.v12.17837Palavras-chave:
Antropoceno, Hélio-3, Fusão nuclear, Sequência didáticaResumo
A humanidade compartilha a era do Antropoceno. Isto é, a ação antrópica modificou irreversivelmente a era geológica do planeta. Desde a Revolução Industrial, os níveis de dióxido de carbono (CO2) elevaram consideravelmente, paralelo a desmatamentos, poluição, expansão urbana e consumismo infinito em um planeta com recursos finitos, ocasionando enchentes, aquecimento global, dentre outras consequências. Desse modo, o uso de energia sustentável é uma opção para mitigar a situação, embora apenas desacelere uma catástrofe iminente. No entanto, nas últimas décadas ocorreu a evolução da reação de fusão nuclear, prometendo quantidades exorbitantes de energia sem emissão de CO2, como alternativa aos combustíveis fósseis e seus derivados menos agressivos. A utilização do isótopo Hélio-3 na reação de fusão está impulsionando países em uma nova corrida espacial, já que esse isótopo é abundante na Lua. Partindo dessa premissa, este artigo discute uma possibilidade de aplicação de sequência didática para alunos do 1° ano do ensino médio, na qual os assuntos básicos que envolvem essa temática são abordados e criteriosamente elaborados, baseando-se em artigos recentes em consonância com conceitos de Ciência, Tecnologia e Sociedade, além de envolver questões sociocientíficas. O despertar crítico dos educandos acerca dessa temática percorre o letramento científico, objetivando, ao final do processo, gerar conhecimento significativo. Afinal, é necessária uma mudança não apenas de matriz energética, mas de um modo de produção mais sustentável e consciente na era do Antropoceno.
Downloads
##plugins.generic.paperbuzz.metrics##
Referências
Agência Internacional de Energia Atômica. Disponível em: https://www.iaea.org/. Acesso em: 25 de maio de 2024.
AZIZOV, E. A. TOKAMAKS: from A D Sakharov to the present (the 60-year history of tokamaks). Physics-Uspekhi, v. 55, n. 2, p. 190, 2012. https://doi.org/10.3367/UFNe.0182.201202j.0202.
BAINS, P.; PSARRAS, P.; WILCOX, J. CO2 capture from the industry sector. Progress in Energy and Combustion Science, v. 63, p. 146-172, 2017. https://doi.org/10.1016/j.pecs.2017.07.001.
BARBOSA, F. Sem química? O “novo” ensino médio e o (des)letramento científico como projeto. Revista Interdisciplinar em Ensino de Ciências e Matemática, v. 3, n. 1, p. e23005-e23005, 2023. https://doi.org/10.20873/riecim.v3i1.17121.
BATTIN, T. J., LUYSSAERT, S., KAPLAN, L. A., AUFDENKAMPE, A. K., RICHTER, A., & TRANVIK, L. J. The boundless carbon cycle. Nature Geoscience, v. 2, n. 9, p. 598-600, 2009. https://doi.org/10.1038/ngeo618.
BRASIL. MEC. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wpcontent/uploads/2018/06/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518.pdf. Acesso em: 14 de maio de 2024.
BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 3, de 8 de novembro de 2018, homologado pela Portaria MEC nº 1.210. Diário Oficial da União, Brasília/DF, 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/novembro-2018-pdf/102481-rceb003-18/file. Acesso em: 31 maio 2024.
BRITO, J. Q. A.; SÁ, L. P. Estratégias promotoras da argumentação sobre questões sócio-científicas com alunos do ensino médio. Revista electrónica de enseñanza de las ciências, v. 9, n. 3, 2010.
CARVALHO, A. M. P. de et al.. O ensino de ciências e a proposição de sequências de ensino investigativas. Ensino de ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage Learning, v. 1, p. 1-19, 2013.
CONRADO, D. M.; NUNES-NETO, N. Questões sociocientíficas: fundamentos, propostas de ensino e perspectivas para ações sociopolíticas. Edufba, 2018. https://doi.org/10.7476/9788523220174
DOS SANTOS, M. M.; BARBOSA, N. do N.; SANTANA, I. C. H. Sequência didática investigativa: uma experiência pedagógica nas aulas de ciências. Ensino em Perspectivas, v. 2, n. 3, p. 1-13, 2021.
FERREIRA, A. S.; SOUZA, L. C. A. B.; DO NASCIMENTO GOMES, M.; BARTH, A. A evolução dos estudos sobre questões sociocientíficas: caracterização dos trabalhos apresentados em eventos brasileiros da área de ensino de ciências. South American Development Society Journal, v. 6, n. 18, p. 257, 2020. https://doi.org/10.24325/issn.2446-5763.v6i18p257-272
FISHER, M. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo?. Autonomia literária, 2020.
GENG, S. An Overview of the ITER Project. In: Journal of Physics: Conference Series. IOP Publishing, p. 012012, 2022. https://doi.org/10.1088/1742-6596/2386/1/012012.
GENOVESE, C. L. de C. R.; GENOVESE, L. G. R.; DE CARVALHO, W. L. P. Questões sociocientíficas: origem, características, perspectivas e possibilidades de implementação no ensino de ciências a partir dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, v. 15, n. 34, p. 8-17, 2019.
GIRALDO, W.; TOBÓN, J. I. Extraterrestrial minerals and future frontiers in mineral exploration. DYNA, [S. l.], v. 80, n. 182, p. 83–87, 2013. Disponível em: https://revistas.unal.edu.co/index.php/dyna/article/view/32590. Acesso em: 31 mai. 2024.
HOLGATE, S. A. Nuclear fusion: the race to build a mini-sun on earth. 2022. Disponível em: https://ui.adsabs.harvard.edu/abs/2022nfrb.book.....H/abstract. Acesso em: 31 mai. 2024.
HU, H.; CHEN, J.; ZHOU, F.; NIE, M.; HOU, D.; LIU, H.; LIANG, Y. Relative increases in CH4 and CO2 emissions from wetlands under global warming dependent on soil carbon substrates. Nature Geoscience, v. 17, n. 1, p. 26-31, 2024. https://doi.org/10.1038/s41561-023-01345-6.
KEYS, P. W.; GALAZ, V.; DYER, M.; MATTHEWS, N.; FOLKE, C.; NYSTRÖM, M.; CORNELL, S. E. Anthropocene risk. Nature Sustainability, v. 2, n. 8, p. 667-673, 2019. https://doi.org/10.1038/s41893-019-0327-x.
LAAKSO, S.; HEISKANEN, E.; MATSCHOSS, K.; APAJALAHTI, E. L.; FAHY, F. The role of practice-based interventions in energy transitions: a framework for identifying types of work to scale up alternative practices. Energy Research & Social Science, v. 72, p. 101861, 2021. https://doi.org/10.1016/j.erss.2020.101861.
LENTON, T. M.; SCHEFFER, M. Spread of the cycles: a feedback perspective on the Anthropocene. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 379, n. 1893, p. 20220254, 2024. https://doi.org/10.1098/rstb.2022.0254.
LEONOV, V. M.; KONOVALOV, S. V.; ZHOGOLEV, V. E.; KAVIN, A. A.; KRASILNIKOV, A. V.; KUYANOV, A. Y.; KHAYRUTDINOV, R. R. Scenarios of Discharge in a Tokamak with Reactor Technologies. Plasma Physics Reports, v. 47, p. 1107-1118, 2021. https://doi.org/10.1134/S1063780X21120047.
LI, C.; FENG, C. L.; ODERJI, H. Y.; LUO, G. N.; DING, H. B. Review of LIBS application in nuclear fusion technology. Frontiers of Physics, v. 11, p. 1-16, 2016. https://doi.org/10.1007/s11467-016-0606-1.
LUDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. Em Aberto, v. 5, n. 31, 1986.
LUKASHENKO, S. N.; KURBAKOV, D. N.; TOMSON, A. V.; EDOMSKAYA, M. A.; MIKHAILOV, A. V. Development of methodology for identification and assessment of ecosystems with an underground source of tritium. Journal of Environmental Radioactivity, v. 274, p. 107399, 2024. https://doi.org/10.1016/j.jenvrad.2024.107399.
MATIAS, E. F.; SOUZA, V. C. de S. Análise de uma sequência didática investigativa com o foco no estudo das questões químicas e sociais relacionadas às bebidas alcóolicas. REAMEC-Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática, v. 12, p. e24012-e24012, 2024. https://doi.org/10.26571/reamec.v12.16135.
MENEGOLLA, M.; SANT'ANNA, I. M. Por que avaliar? Como planejar? Currículo-área-aula. 1. Ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1991.
MIQUELANTE, M. A.; PONTARA, C. L.; CRISTOVÃO, V. L. L.; SILVA, R. O. D. As modalidades da avaliação e as etapas da sequência didática: articulações possíveis. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 56, p. 259-299, 2017. https://doi.org/10.1590/010318135060199881.
MORENO, V. M.; SUZART, E. M. L.; SANTOS, W. de S. Ensino para o Antropoceno: uma proposta de sequência didática para o ensino de redes ecológicas através do jogo Rain World. Debates em Educação, v. 12, n. 27, p. 576-592, 2020. https://doi.org/10.28998/2175-6600.2020v12n27p576-592
PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A.. Ciência, tecnologia e sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do ensino médio. Ciência & Educação (Bauru), v. 13, p. 71-84, 2007. https://doi.org/10.1590/S1516-73132007000100005
ROBERT, M. Running the clock: CO2 catalysis in the age of anthropocene. ACS Energy Letters, v. 1, n. 1, p. 281-282, 2016. https://doi.org/10.1021/acsenergylett.6b00159.
SAGAN, C. Cosmos, Companhia das letras, 2013.
SANTOS, G. C. dos. A aplicação de uma sequência didática de modo a otimizar a aprendizagem do conteúdo de fusão nuclear utilizando como tema gerador a evolução estelar. (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Educação e Ciências, Universidade Federal de Itajubá, 2023. Disponível em: https://repositorio.unifei.edu.br/jspui/handle/123456789/3856. Acesso em: 1 set. 2024.
SANTOS, W. L. P. Contextualização no Ensino de Ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência & Ensino, Piracicaba, v. 1, número especial, 2007.
SARMENTO, A. C. de H. Ensinando sobre aquecimento global por meio de uma abordagem contextualizada pelas relações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente no ensino médio de biologia. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, Universidade Federal da Bahia, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34890. Acesso em: 1 set. 2024.
SCHMITZ, O. J.; WILMERS, C. C.; LEROUX, S. J.; DOUGHTY, C. E.; ATWOOD, T. B.; GALETTI, M.; GOETZ, S. J. Animals and the zoogeochemistry of the carbon cycle. Science, v. 362, n. 6419, p. eaar3213, 2018. https://doi.org/10.1126/science.aar3213.
SCHUNCK, N.; REGNIER, D. Theory of nuclear fission. Progress in Particle and Nuclear Physics, v. 125, p. 103963, 2022.
SILVA, V. R. da; LORENZETTI, L. Scientific literacy in the early years: indicators evidenced by a didactic sequence. Educação e Pesquisa, v. 46, p. e222995, 2020. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202046222995
SIMKO, T.; GRAY, M. Lunar helium-3 fuel for nuclear fusion: Technology, economics, and resources. World Future Review, v. 6, n. 2, p. 158-171, 2014. https://doi.org/10.1177/19467567145361.
SJÖSTRÖM, J. Towards Bildung-oriented chemistry education. Science & Education, v. 22, p. 1873-1890, 2013. https://doi.org/10.1007/s11191-011-9401-0
SUN, B., DAI, M., CAI, S., CHENG, H., SONG, K., YU, Y.; HU, H. Challenges and strategies towards copper-based catalysts for enhanced electrochemical CO2 reduction to multi-carbon products. Fuel, v. 332, p. 126114, 2023. https://doi.org/10.1016/j.fuel.2022.126114.
TAVARES, R.; FARIAS, M. J. G. dos S.; SANTOS, L. L. M.; ALENCAR, E. P. G. Perspectiva de discentes do curso de química sobre o senso comum na aprendizagem. Ensino & Pesquisa, v. 21, n. 3, p. 63-75, 2023. https://doi.org/10.33871/23594381.2023.21.3.7377.
WILLIS, M. L. M.; BRAVO, E. A. T.; BERNAL, E. U. Una mirada global a la evaluación formativa. Horizontes Revista de Investigación en Ciencias de la Educación, v. 8, n. 32, p. 306-321, 2024. https://doi.org/10.1590/1516-731320200026.
ZHONGLIN, B. O. The Intrinsic Nature of Strong Force to Bind Proton (s) and Neutron (s) to Form Nucleus and the Exploration of Nuclear Reaction. International Journal of Physics, v. 10, n. 3, p. 137-143, 2022. https://doi.org/10.12691/ijp-10-3-2.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Felipe Fernandes Barbosa, Viviane de Oliveira Campos, Ellen Kadja Lima de Morais

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Política de Direitos autorais
Os autores mantêm os direitos autorais de seus trabalhos publicados na Revista REAMEC, atendendo às exigências da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências, enquanto a revista utiliza um modelo de licenciamento que favorece a disseminação do trabalho, particularmente adotando a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0).
Os direitos autorais são mantidos pelos autores, os quais concedem à Revista REAMEC os direitos exclusivos de primeira publicação. Os autores não serão remunerados pela publicação de trabalhos neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em website pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico. Os editores da Revista têm o direito de realizar ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Política de Acesso Aberto/Livre
Os manuscritos publicados na Revista REAMEC são acessíveis gratuitamente sob o modelo de Acesso Aberto, sem cobrança de taxas de submissão ou processamento de artigos dos autores (Article Processing Charges – APCs). A Revista utiliza Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0) para assegurar ampla disseminação e reutilização do conteúdo.
Política de licenciamento - licença de uso
A Revista REAMEC utiliza a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0). Esta licença permite compartilhar, copiar, redistribuir o manuscrito em qualquer meio ou formato. Além disso, permite adaptar, remixar, transformar e construir sobre o material, desde que seja atribuído o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.