ENTRE MUHAMMAD ALI E BESOURO “NEGRAS HISTÓRIAS” SUPRIMIDAS NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
NOTAS REFLEXIVAS DE UMA AUTOETNOGRAFIA CRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.51283/rc.29.e20021Palavras-chave:
Negras Histórias, Muhammad Ali, Besouro, Educação Física Escolar, Autoetnografia CríticaResumo
O objetivo deste artigo é reconhecer as negras histórias e afrorreferências que são suprimidas dos currículos escolares e da Educação Física. Para tanto, propusemos uma discussão que emerge de uma pesquisa que se constituiu em uma autoetnografia crítica, realizada com turmas de educação infantil e Ensino Fundamental de uma escola da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, no ano letivo de 2022, entre os meses de fevereiro e dezembro, com uma carga horária semanal de quarenta horas. Ao longo desse trabalho, com duas turmas de oitavo ano do ensino fundamental, foram abordadas as temáticas de lutas e esportes de combate, reconhecemos duas “negras histórias” que não poderiam ser suprimidas dos currículos escolares: Muhammad Ali e Besouro. Inferimos, assim, possibilidades de reconhecer e evitar o apagamento de importantes afrorreferências no currículo escolar e da Educação Física.
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