EDUCAR PARA UMA ÉTICA DA REVOLTA A PARTIR DA PEDAGOGIA DO JOGO
DOI:
https://doi.org/10.51283/rc.29.e19220Palavras-chave:
Pedagogia do Esporte, Autonomia, Jogo, Albert Camus, FutebolResumo
Tendo o jogo como característica a imprevisibilidade, mostra-se fundamental uma pedagogia que leve em consideração tal elemento. Para isso, dentro das abordagens de ensino centradas no jogo, a Pedagogia do Jogo surge como uma opção que possibilita uma aplicação atrelada a autonomia daquele(a) que joga. Nessa direção, Albert Camus, quando conceitua a Revolta, elabora um conceito que é capaz de servir de inspiração para um ato de jogar autônomo, uma vez que prevê a ação autônoma, consciente, mas pautada em limites. Dessa maneira, o presente ensaio busca centralizar a Pedagogia do Jogo, a partir de sua base teórica centrada no jogo, como capaz de estimular, em consonância aos desejos éticos-morais, seus(a)s alunos(as) de, em contato com a imprevisibilidade do jogo, agirem de maneira revoltada.
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