O BRINCAR NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE GÊNERO DE CRIANÇAS INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE

Autores

  • Beatriz Paulo Biedrzycki beatrizpaulob@gmail.com
    Hospital de Clínicas de Porto Alegre
  • Silvana Vilodre Goellner vilodre@gmail.com
    UFRGS

Palavras-chave:

item 2, item 3

Resumo

A hospitalização pode se configurar como um evento estressante e traumático para a criança, sendo o brincar um comportamento frequentemente observado, agindo de forma terapêutica na hospitalização. Esta pesquisa teve como objetivo analisar o brincar de crianças internadas em um hospital de alta complexidade evidenciando as relações de gênero presentes na escolha dos brinquedos e brincadeiras. Como sujeitos da pesquisa foram selecionados 4 meninas e 2 meninos cuja observação ocorreu utilizando um protocolo específico e um diário de campo. Feita a coleta e análise de dados observei que os meninos utilizavam mais brincadeiras de regras enquanto as meninas interagiam com atividades relacionadas ao espaço doméstico. Em relação à interação entre eles percebi que as meninas passaram muito mais tempo solitárias comparando aos meninos. Quanto ao tipo do brinquedo, meninos se mostraram mais dispostos a utilizar o brinquedo cognitivo, enquanto as meninas permearam por todos os tipos de brinquedo.

Biografia do Autor

  • Beatriz Paulo Biedrzycki, Hospital de Clínicas de Porto Alegre
    Possui graduação em Educação Física - INSTITUICAO EDUCACIONAL SAO JUDAS TADEU (2014). Atualmente é residente multiprofissional do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Saúde da Criança
  • Silvana Vilodre Goellner, UFRGS
    Licenciada em Educação Física pela UFSM, mestre em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS, doutora em Educação pela UNICAMP e pós-doutora pela Faculdade do Desporto da Universidade do Porto (Portugal). Professora na graduação e pós-graduação do Curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ex-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (UFRGS) no período 2006-2008. Coordena o Centro de Memória do Esporte da ESEF/UFRGS e o GRECCO - Grupo de Estudos sobre Esporte,Cultura e História. Ex-Editora da Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), periódico do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte ((2005-2007) e da Revista Movimento(2003-2005). Membro do IASI (International Association of Sport Documentation). Ex-coordenadora do Grupo Temático Gênero e Ciências do Esporte, do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (2013-2015). Coordenadora do Simpósio Temático "Gênero e Praticas corporais e esportivas" do Seminário Internacional Fazendo Gênero. Integra o coletivo Guerreiras Project. Curadora da exposição Futebol e Mulheres no País da Copa de 2014, realizada em Porto Alegre e Co-curadora da exposição Visibilidade para o Futebol Feminino realizada no Museu do Futebol (2015). Tem experiência na área de educação física, com ênfase em história e gênero atuando principalmente nos seguintes temas: corpo, gênero, história do corpo e da educação física e esportes, futebol e mulheres, documentação e informação e memória.

Referências

ANDRADE, Sandra dos Santos. Mídia, corpo e educação: a ditadura do corpo perfeito. In: MEYER, Dagmar Estermann; SOARES, Rosangela. (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. 2. ed. Porto Alegre, RS: Mediação, 2008.

BARRETO, Flávia de Oliveira; SILVESTRI, Mônica Ledo. Relações dialógicas interculturais: brinquedos e gênero. Reunião Anual da ANPED, 28. Caxambu, MG, 2005. Disponível em: <http://28reuniao.anped.org.br/textos/ge23/ge23943int.pdf >. Acesso em: out. 2016.

BRASIL. Lei Federal nº 8.080. 19 set. 1990.

BRASIL. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Política Nacional de Humanização: documento para discussão: versão preliminar. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2003.

BRASIL. Programa Nacional de Humanização: clínica ampliada e compartilhada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009.

BROUGÈRE, Gilles. Brinquedos e companhia. São Paulo: Cortez, 2004.

CONTI, Luciana de; SPERB, Tania Mara. O brinquedo de pré-escolares: um espaço de ressignificação cultural. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 17, n. 1. p. 59-67, jan./ abr., 2001.

COULTHARD, Carmen Rosa Caldas; LEEUWEEN, Theo Van. Discurso crítico e gênero no mundo infantil: brinquedos e a representação de atores sociais. Linguagem em (dis)curso, v. 4, número especial, p. 11-33, Tubarão, SC, 2004.

CORDAZZO, Schiella Tatiana Duarte. Caracterização de brincadeiras de crianças em idade escolar. 82f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2003.

CORDAZZO, Schiella Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estudos e pesquisas em psicologia, v. 1, n. 1, 2007.

CORDAZZO, Schiella Tatiana Duarte e colaboradores. Metodologia observacional para o estudo do brincar na escola. Avaliação psicológica, v. 7, n. 3, p. 427-438, 2008.

CORDAZZO, Schiella Tatiana Duarte e colaboradores. Brincadeira em escola de ensino fundamental: um estudo observacional. Interação em Psicologia, v. 14, n. 1. p. 43-52, 2010.

GAINO, Silvana Batista. Identidade de gênero em crianças com transtorno do espectro autista (TEA). 160f. Tese (Doutorado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

GOELLNER, Silvana Vilodre. A educação dos corpos, dos gêneros e das sexualidades e o reconhecimento da diversidade. Cadernos de Formação RBCE, v. 1, n. 2, p.71-83, mar., 2010.

HOSTERT, Paula Coimbra da Costa Pereira; ENUMO, Sônia Regina Fiorim; LOSS, Alessandra Brunoro Motta. Brincar e problemas de comportamento de crianças com câncer de classes hospitalares. Psicologia: teoria e prática, v. 16, n. 1, p. 127-140, abr., 2014.

LOCH, Mathias Roberto; FLORINDO, Alex Antônio. A educação física e as residências multiprofissionais em saúde. Revista brasileira de atividade física & saúde, v. 17, n. 1, p. 81-82, abr., 2012.

LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes e colaboradores. (Orgs.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2007.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

MACARINI, Samira Mafioletti; VIEIRA, Mauro Luís. O brincar de crianças escolares na brinquedoteca. Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano, v. 16, n. 1, p. 49-60, 2006.

MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança: a importância do brincar, atividades e materiais. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

MARTIN, Carol Lynn; FABES, Richard A. The stability and consequences of young children’s same-sex peer interactions. Dev Psychol. v. 37, n. 1, p. 431- 446, 2001.

MICHELET, André. Classificação de jogos e brinquedos: a classificação ICCP. In: FRIEDMANN, Adriana e colaboradores (Orgs.). O direito de brincar: a brinquedoteca. 4. ed. São Paulo: Abrinq, 1988.

MOTT, Alessandra Brunoro; ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Brincar no hospital: câncer infantil e avaliação do enfrentamento da hospitalização. Psicologia, saúde & doenças, v. 1, n. 3, p. 23-41, 2002.

NEGRINE, Airton. Concepção do jogo em Vygotsky: uma perspectiva psicopedagógica. Movimento. v. 2, n. 2, jun., 1995.

PELLEGRINI, Anthony; SMITH, Peter K. Physical activity play: the nature and function of a neglected aspect of play. Child Development, v. 69, p. 577-598, 1998.

PONTES, Fernando Augusto Ramos; MAGALHÃES, Celina Maria Colino. A transmissão da cultura da brincadeira: algumas possibilidades de investigação. Psicologia: reflexão e crítica, v. 16, n. 1, p. 117-124, 2003.

ROZA, Eliza Santa. Quando brincar é dizer: a experiência psicanalítica na infância. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993.

SILVA, Lúcia Isabel da Conceição e colaboradores. Diferenças de gêneros nos grupos de brincadeira na rua: a hipótese de aproximação unilateral. Psicologia: reflexão & crítica, v. 19, n. 1, p. 114-121, 2004.

SILVA, Sarah Danielle Baia e colaboradores. Brincadeiras de rua em Belém-PA: uma análise de gênero e idade. Psicologia: teoria e prática, v. 12, n. 2, p. 28-42, 2012.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

WINNICOTT, Donald Woods. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Downloads

Publicado

2017-04-23

Como Citar

O BRINCAR NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE GÊNERO DE CRIANÇAS INTERNADAS EM UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE. (2017). Corpoconsciência, 21(1), 20-32. https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/4589