PROCESSOS DE SOCIALIZAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO
CORPORAÇÕES DEFININDO POLÍTICAS E SUJEITOS
DOI:
10.56267/rdtps.v8i15.14448Palavras-chave:
Escola, Socialização, Políticas Educacionais, CorporativismoResumo
O presente ensaio apresenta reflexões sobre a relação do papel do Estado e a instituição escolar na formação de sujeitos, identificando de que modo as políticas adotadas nas reformas recentes da Educação Nacional têm sido formuladas com a participação de atores não estatais. A mobilização de capital econômico e simbólico, influenciam a formulação das políticas educacionais, contribuindo na formação de sujeitos alinhados à perspectiva de formação do homo-economicus, baseada na self made man. O ideal do sujeito empreendedor, atuando como empresário de si mesmo e o modus operandi da escola basear-se nas lógicas corporativas empresariais, difundem princípios e norteiam ações das instituições de educação buscando formar subjetividades alinhavadas a perspectivas economicistas. Conclui-se que a escola enquanto campo de luta, de significados e contradições, mostra-se espaço potente e fundamental para a formação de um ethos social, que pode ser colocada a serviço da formação utilitarista e pragmática, formando para a perspectiva economicista. No entanto, é preciso reconhecer as diferentes vozes e o pluralismo de ideias, de modo a buscar consensos e identificar o que se pretende, quais os objetivos e o papel da escola do nosso tempo.
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