VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS EM ENCRUZILHADAS INTERSECCIONAIS

Autores

DOI:

10.29286/rep.v33ijan/dez.13962

Palavras-chave:

Ensino Superior, Interseccionalidade, Fronteiras, Psicologia Social

Resumo

Este texto apresenta algumas vivências de dois professores-pesquisadores de Psicologia de uma Universidade Federal, em uma cidade do interior da região centro-oeste do Brasil. Sala de aula, gabinete de supervisão de estágio, eventos do controle social do campo da Saúde e orientações de pesquisas compõem os cenários vivenciados. A Narrativa Autobiográfica é o método escolhido, por permitir a inclusão da experiência dos autores na construção de saberes e críticas. Apontamos as transformações em nossos currículos, abordagens teóricas e práticas derivadas dessas vivências fronteiriças e também as resistências encontradas frente às estruturas acadêmicas, representantes das elites culturais eurocentradas e do sistema eurocêntrico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Conrado Neves SATHLER, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Possui graduação em Psicologia (Formação Profissional e Bacharelado) pela Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras de Lorena (1987), mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa (1998) e doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2008). 

Esmael Alves de OLIVEIRA, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Professor Adjunto, em regime de dedicação exclusiva, do curso de Ciências Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAnt) e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (FCH/UFGD). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM (2007); Especialização em Antropologia -UFAM (2008); Mestrado em Antropologia Social - PPGAS/UFAM (2009); Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina - PPGAS/UFSC (2014), com estágio doutoral na Universidade Eduardo Mondlane (UEM/Moçambique). Pesquisador vinculado ao Impróprias - Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças (UFMS/CNPq), ao DiVerso: pesquis(ações) sob(re) resistências sociais (UFGD/CNPq) e ao Grupo de Pesquisa Diálogos Psicológicos na Fronteira (UFGD/CNPq). Realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAS/UFRGS) junto ao Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde (Nupacs) - 2018/2019. É associado a ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva, e a ABRASME - Associação Brasileira de Saúde Mental. Áreas de interesse: Antropologia do Corpo e da Saúde, Saúde mental, Gênero e Sexualidade, Marcadores Sociais de Diferença.

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). APA apologizes for longstanding contributions to systemic racism. Press releases, [s. l.], oct. 29, 2021. Disponível em: https://www.apa.org/news/press/releases/2021/10/apology-systemic-racism?utm_source=twitter&utm_medium=social&utm_campaign=apa-press-release-racism&utm_content=apology-systemic-racism. Acesso em: 30 maio 2022.

ANZALDÚA, G. Como domar uma língua selvagem. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, n. 39, p. 305-318, 2009.

ANZALDÚA, G. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 8, n. 1, p. 229-236, 2000.

ANZALDÚA, G. La conciencia de la mestiza: rumo a uma nova consciência. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 13, n. 3, p. 704-719, 2005.

BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista brasileira de ciência política, Brasília, DF, n. 11, p. 89-117, 2013.

BENTO, M. A. S. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 25-57.

BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 19, p. 20-28, 2002.

COLLINS, P. H. Pensamento feminista negro: o poder da autodefinição. In: HOLLANDA, H. B. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 271-310.

DELEUZE, G. O mistério de Ariana. Lisboa: Vega, 1996.

DUARTE, H.; OLIVEIRA, E. A. As representações sociais dos indígenas no jornal O Progresso, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul. TELLUS: Revista da UCDB, Campo Grande, v. 20, n. 42, p. 11-35, 2020.

FOUCAULT, M. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: n-1 edições, 2013.

GOMES, V. F.; SATHLER, C. N.; FARIAS, M. F. L. Gênero, raça, sexualidade e classe nos projetos político-pedagógicos em cursos de psicologia. Horizontes, Itatiba, v. 40, n. 1, e022027, p. 1-24, 2022.

HARAWAY, D. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, n. 5, p. 7-41, 1995.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades e Estados. Disponível em: ibge.gov.br/cidades-e-estados/ms/dourados.html. Acesso em: 24 mar. 2024.

KILOMBA, G. Memórias de plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LORDE, A. A transformação do silêncio em linguagem e ação. In: LORDE, A. Irmã outsider. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 51-55.

LORDE, A. Idade, raça, classe e gênero: mulheres redefinindo a diferença. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019a. p. 239-249.

LORDE, A. Não existe hierarquia de opressão. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019b. p. 235-236.

MENEZES, J. A.; LINS, S. S.; SAMPAIO, J. V. Provocações pós-coloniais à formação em psicologia. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 31, e191231, p. 1-9, 2019.

MIGNOLO, W. Historias locales/disenos globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Akal, 2003.

NASCIMENTO, L. C. P. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2021.

ÑUNEZ, G. Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar. São Paulo: Planeta do Brasil, 2023.

OLIVEIRA, E. A.; BERNARDES, A. G. A que nos interpelam as psicologias feministas, negras, indígenas & queers? In: MARTINS, C. P.; MENEZES, J. A. (org.). Insubmissas práticas psicossociais: tarefas do presente, questões urgentes. São Carlos: Pedro & João Editores, 2024. p. 23-36.

OLIVEIRA, E. A.; DUQUE, T. Algumas reflexões indisciplinadas sobre "Diversidade", Diferença e "Inclusão". In: ALMEIDA, D. M. M.; ZANON, R. B.; FEITOSA, L. R. C.; ANACHE, A. A. (org.). Psicologia, Educação e Trabalho: Inclusão em diferentes contextos. Curitiba: CRV, 2021. p. 109-118.

OLIVEIRA, E. A.; MOURA, N.; REIS, C. Apresentação. In: OLIVEIRA, E. A.; MOURA, N.; REIS, C. (org.). A pesquisa em Ciências Sociais em Mato Grosso do Sul: Diálogos Cruzados. São Carlos: Pedro & João editores, 2021. p. 5-8.

OLIVEIRA, E. A.; SATHLER, C. N. Por entre sangue, pus e suor: nas tessituras de uma Psicologia encarnada. São Paulo: Devires, 2024.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005.

REIS, P. R. As narrativas na formação de professores e na investigação em educação. Nuances: Estudos sobre Educação, Presidente Prudente, v. 15, n. 16, p. 17-34, 2008.

RODRIGUES, N. C.; PRADO, G. V. T. Investigação Narrativa: construindo novos sentidos na pesquisa qualitativa em educação. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, n. 29, p. 89-103, 2015.

RUFINO, L. Pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula, 2019.

SATHLER, C. N. Ensino nas fronteiras: formação política e profissional. Itapiranga: Schreiben, 2024. No prelo.

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. Apresentação. In: SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. (org.). Intervenções psicossociais: percorrendo territórios de saúde, trabalho e cidadania. Salvador: Devires, 2023. p. 19-24.

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. Controle social e ensino em saúde: por uma práxis psicológica decolonial. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, v. 24, n. 2, p. 491-503, 2022a.

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. O projeto de estágio em políticas públicas: Entre biopolítica, micropolíticas e linhas de fuga. In: ROCHA, R. V. S.; TOLOY, D. S.; SAMPAIO, W. M. Psicologia, Sociedade e Desigualdade Social: Boas práticas na formação em psicologia. Salvador: Diálogos, 2021. v. 2. p. 59-74.

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. O que pode um devir minoritário em territórios existenciais? In: MARTINS, C. P.; MENEZES, J. A. (org.). Insubmissas práticas psicossociais: tarefas do presente, questões urgentes. São Carlos: Pedro & João Editores, 2024. p. 65-75.

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. Um currículo da/na experiência: formação profissional em Psicologia, docência e resistências ético-políticas. Currículo sem Fronteiras, [s. l.], v. 22, e2155, p. 1-22, 2022b.

SCHWARCZ, L. M. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SILVA, F. S. A fronteira como locus de enunciação da identidade mestiza: Gloria Anzaldúa e a multiplicidade do ser. Cadernos Neolatinos: Revista da Faculdade de Letras da UFRJ, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 179-189, 2016.

SILVA, Y. M. Antirracismo cordial: O modismo de acadêmicas/os brancas/os no movimento antirracista. In: SILVA, Y. M.; MESQUITA, M. R.; HÜNING, S. M. (org.). Antirracismo cordial: das dinâmicas institucionais às alianças político-afetivas. Maceió: Edufal, 2023. p. 13-45.

SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: EdUFMG, 2010.

SOUZA, E. C. de; MEIRELES, M. M. de. Olhar, escutar e sentir: modos de pesquisar-narrar em educação. Revista Educação e Cultura Contemporânea, [S. l.], v. 15, n. 39, p. 282–303, 2018. Disponível em: https://mestradoedoutoradoestacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/reeduc/article/view/4750. Acesso em: 24 mar. 2024.

XAVIER, A. J. B.; SEFFNER, F.; BARBOSA, M. C. S. “Mulher tem mais facilidade para coisa artística, organização, trabalhos didáticos”. Produção de masculinidades e estratégias pedagógicas nos anos iniciais na roça. Cadernos de Gênero e Diversidade, Salvador, v. 6, n. 4, p. 365-388, out./dez. 2020.

Downloads

Publicado

2024-10-04

Como Citar

SATHLER, C. N.; OLIVEIRA, E. A. de. VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS EM ENCRUZILHADAS INTERSECCIONAIS. Revista de Educação Pública, [S. l.], v. 33, n. jan/dez, p. 599–618, 2024. DOI: 10.29286/rep.v33ijan/dez.13962. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/13962. Acesso em: 21 out. 2024.