CURAR, APRENDER E ENSINAR: A ANCESTRALIDADE DOS SABERES DA BENZEÇÃO ENQUANTO EXPRESSÃO DE PEDAGOGIAS DECOLONIAIS NO QUILOMBO DE MATA CAVALO

Autores

DOI:

10.29286/rep.v32ijan/dez.14234

Palavras-chave:

Saberes, Educação não escolar, Pedagogias decoloniais, Benzeção

Resumo

Intensifica-se na modernidade a primazia do conhecimento científico e a crescente subalternização dos saberes manifestos pelos povos originários e comunidades tradicionais. Este texto se ocupa da reflexão acerca das práticas educativas não escolares a partir das medicinas tradicionais, expressas pelas benzedeiras e benzedores do quilombo de Mata Cavalo, localizado no município de Nossa Senhora do Livramento - MT. Metodologicamente o artigo é de natureza qualitativa e de cunho etnográfico. Concluímos que a produção e o compartilhamento de saberes em múltiplos espaços, a partir das experiências de práticas de cura, expressam pedagogias decoloniais e questionam a epistemologia dominante.

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Biografia do Autor

Edson CAETANO, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Possui graduação em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1991), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1996) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Mato Grosso; Instituto de Educação, Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação. Atua no curso de Graduação em Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação. Faz parte do conselho editorial das seguintes publicações: Revista Brasileira de Educação do Campo e Revista de Educação do Vale do Arinos. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia do trabalho e Sociologia da Educação. É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (Pesquisador Líder). Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: Educação Popular; Povos Originários e Comunidades Tradicionais ; Bem Viver; Culturas do Trabalho; Reestruturação Produtiva, Pedagogias Decoloniais, Educação não Escolar e Saberes Tradicionais.

Elidiane Martins de Brito SILVA, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Professora da Rede Pública do Estado de Mato Grosso (SEDUC). Discente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Doutorado em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE). Tem experiência na área de Alfabetização e Letramento, atuando principalmente nos seguintes temas: infância indígena, histórias de vida, saberes tradicionais, Trabalho e Educação.

Flávia Lorena BRITO, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) na linha Movimentos Sociais, Política e Educação Popular. Mestra em Educação pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2013). Licenciada em História pela Universidade Estadual de Goiás (2006). Atualmente é servidora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT),Campus Barra do Garças. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Trabalho e Educação (GEPTE) coordenado pelo professor Dr. Edson Caetano. Desenvolve estudos e pesquisa na perspectiva do Bem Viver e práticas tradicionais de cuidado e cura, especialmente a prática de Benzeção, entre povos originários e comunidades tradicionais.

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Publicado

2023-08-25

Como Citar

CAETANO, E.; SILVA, E. M. de B.; BRITO, F. L. CURAR, APRENDER E ENSINAR: A ANCESTRALIDADE DOS SABERES DA BENZEÇÃO ENQUANTO EXPRESSÃO DE PEDAGOGIAS DECOLONIAIS NO QUILOMBO DE MATA CAVALO. Revista de Educação Pública, [S. l.], v. 32, n. jan/dez, p. 613–637, 2023. DOI: 10.29286/rep.v32ijan/dez.14234. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/view/14234. Acesso em: 25 nov. 2024.