JOGOS AFRICANOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CONTRIBUIÇÕES À LUZ DA ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA PARA A FORMAÇÃO ANTIRRACISTA
DOI:
https://doi.org/10.51283/rc.29.e20034Palavras-chave:
Abordagem Crítico-Superadora, Educação Antirracista, Jogos Africanos, Relações Étnico-RaciaisResumo
Este artigo apresenta uma proposta didática voltada à implementação de jogos africanos nas aulas de Educação Física, com o objetivo de compreender suas contribuições para a formação antirracista dos estudantes. O estudo parte da constatação de que os currículos escolares ainda refletem uma lógica eurocentrada, que historicamente invisibiliza os saberes corporais das culturas africanas e afro-brasileiras, exigindo práticas pedagógicas que valorizem a diversidade étnico-racial. A pesquisa foi realizada por estudantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco, no âmbito da disciplina de Estágio Supervisionado, e fundamentou-se na metodologia da pesquisa-ação, por possibilitar a intervenção intencional em contextos reais e a produção de conhecimentos pedagógicos. Foram produzidos textos didáticos sobre jogos tradicionais africanos, como Mancala, Shisima, Yoté e Labirinto Africano, considerando critérios de aplicabilidade, representatividade e adequação à Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O processo de elaboração dos materiais foi colaborativo, fundamentado em princípios da educação antirracista e orientado por critérios pedagógicos como clareza, coerência didática e fidelidade cultural. Como resultado, constatou-se que práticas pedagógicas comprometidas com a valorização da cultura afro-brasileira favorecem a representatividade, o enfrentamento do racismo estrutural e o fortalecimento da identidade étnico-racial dos estudantes, reafirmando o papel da Educação Física escolar como agente na construção de um currículo plural, crítico e socialmente transformador.
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