“E O BRANCO FALOU: TINHA QUE SER COTISTA!”
O RACISMO SOFRIDO POR UNIVERSITÁRIAS NEGRAS COTISTAS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA DA UNIMONTES
DOI:
https://doi.org/10.51283/rc.29.e20020Palavras-chave:
Mulheres Negras, Universitárias, Racismo, Cotas RaciaisResumo
O objetivo do estudo foi investigar o racismo sofrido por universitárias negras cotistas do curso de Educação Física Licenciatura da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes/MG). Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa dos dados. Foram incluídas na pesquisa mulheres cotistas raciais do referido curso, turnos diurno e noturno, da Unimontes/MG, que se encontravam matriculadas do segundo semestre de 2021 ao primeiro semestre de 2023, sendo acadêmicas de períodos diversos. O instrumento utilizado para a coleta foi a entrevista semiestruturada, sendo os dados analisados segundo proposta denominada de “interpretação de sentidos”, apresentada por Gomes et al. (2005). Conclui-se que, na universidade este racismo toma a forma, principalmente, do racismo recreativo e racismo velado. Com relação ao sistema de cotas, nota-se uma visão muito positiva das mulheres negras universitárias, que entendem as cotas como direito e oportunidade para ascensão social.
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