CAPOEIRA E INTERSECCIONALIDADE

DESAFIOS NOS PERCURSOS FORMATIVOS DE MESTRAS NO BRASIL

Autores

  • Abia Lima de França docenteabialimadefranca@gmail.com
    Universidade Federal da Bahia
  • Augusto Cesar Rios Leiro cesarleirocbce@gmail.com
    Universidade Federal da Bahia

DOI:

10.51283/rc.28.e17889

Palavras-chave:

Capoeira, Mulher, Gênero, Raça

Resumo

O artigo em tela buscou analisar os desafios nos percursos formativos de mestras de capoeira do Brasil sob uma ótica interseccional. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa, que lançou mão da aplicação de um questionário misto para o levantamento das informações. Participaram da investigação 109 mestras de capoeira, nascidas entre 1956 a 1987, nas distintas regiões geográficas do Brasil. Para a análise das informações, utilizamos o software Iramuteq, que nos auxiliou na elaboração e representação da nuvem de palavras e na análise de similitude. Os resultados do estudo evidenciaram a frequência dos termos “capoeira”, “mulher”, “não”, “desafio”, “mestre”, “trabalho”, “homem” e “preconceito” na nuvem de palavras. Na análise de similitude, os termos centrais “capoeira”, “mulher”, “desafio” e “mestre” se conectaram a distintas palavras periféricas, que refletem as estruturas do patriarcado. Conclui-se que as trajetórias formativas das mestras de capoeira foram marcadas por desigualdades de gênero, de forma recorrente, e por desigualdades de raça, de forma ascendente.

Referências

ABIB, Pedro Rodolpho Jungers. Os velhos capoeiras ensinam pegando na mão. Cadernos Cedes, v. 26, n. 68, p. 86-98, 2006.

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Polém, 2019.

AMARAL, Erica Pires do. Quem vêm lá são elas: memórias, saberes e (re) existências das mestras de capoeira na pequena e na grande roda. 2023. 159f. Dissertação (Mestrado em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.

AMARAL, Erica Pires do. Todo tempo não é um: memórias, mulheres e Capoeira. Revista tempo, espaço e linguagem, v. 15, n. 1, p. 68-90, 2024.

ARAÚJO, Rosângela Costa. Elas gingam. Cias, v. 64, n. 1, p. 85-93, 2016.

ARAÚJO, Pâmela Figueiredo Barbosa de; SOUZA, Mauro José de; MARANI, Vitor Hugo. Corpo, gênero e capoeira: experiências autoetnográficas a partir dos estudos culturais físicos. Licere, v. 25, n. 1, p. 343-368, 2022.

BARBOSA, Maria José Somerlate. A mulher na Capoeira. Arizona journal of hispanic cultural studies, v. 9, p. 9-28, 2005.

BELTRÃO, Mônica. Das mulheres desordeiras, valentes e capoeiras. 1. ed. Campina Grande, PB: Plural, 2021.

BORGES, Joacelmo Barbosa; GRANDO, Beleni Saléte. Os desafios da mestria em capoeira: as barreiras para a mulher ser mestra! Brazilian journal of development, v. 8, n. 10, p. 68703-68715, 2022.

CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. Iramuteq: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em psicologia, v. 21, n. 2, p. 513-518, 2013.

CAMÕES, Luciane de Sena. Elas jogam, tocam e cantam: práticas e discursos sobre a experiência histórica de mulheres. 2019. 208f. Dissertação (Mestrado em Estudos Antrópicos na Amazônia). Universidade Federal do Pará, Castanhal, PA, 2019.

COLLINS, Patrícia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.

CONRADO, Amélia Vitória de Souza. Capoeira angola e dança afro: contribuições para uma política de educação multicultural na Bahia. 2006. 304f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2006.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Estudos feministas, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.

CUNYA, Ana Mines. A capoeira é para quem? Quem é para a capoeira? Reflexões sobre hospitalidade, gênero e branquitude na prática de capoeira angola. In: ARAÚJO, Janja; SILVA, Renata de Lima; FERREIRA, Elizia Cristina (Orgs.). Mulheres que gingam: reflexões sobre as relações de gênero na capoeira. Curitiba, PR: Appris, 2022.

FALCÃO, José Luiz. Cirqueira. O jogo da capoeira em jogo e a construção da práxis capoeirana. 2004. 394f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2004.

FIALHO, Paula Juliana Foltran. Mulheres incorrigíveis: capoeiragem, desordem e valentia nas ladeiras da Bahia (1900-1920). 2019. 301f. Tese (Doutorado em História). Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2019.

FIGUERÔA, Katiuscia Mello. Impressões femininas sobre a presença da mulher na capoeira: um estudo comparativo. In: FIGUERÔA, Katiuscia Mello (Org.). Mulher na capoeira: produção de saberes, identidade e representatividade. Curitiba, PR: Dialética e Realidade, 2021.

FRANÇA, Ábia Lima de. Capoeira & educação: produção do conhecimento em jogo. 2018. 170f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2018.

FRANÇA, Ábia Lima de. Trajetórias formativas e registros biográficos de mestras de capoeira. 2021. 299f. Tese (Doutorado em Educação e Contemporaneidade). Universidade do Estado da Bahia, Salvador, BA, 2021.

FRANÇA, Ábia Lima de; SANTOS, Elis Souza dos. Mulher, mãe e capoeira: interseccionalidades em jogo. Revista de humanidades e letras. v. 1, n. 1, p. 5-26, 2022.

GATTI, Bernadete; ANDRÉ, Marli. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa em educação no Brasil. In: WELLER, Wivian; PFAFF, Nicolle (Orgs.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

LEIRO, Augusto César Rios. Educação, lazer e relações de gênero: talhes e doxas. Motrivivência, v. 19, p. 53-68, 2004.

MARANI, Vitor Hugo; FRANÇA, Ábia Lima de. Dança, capoeira e interseccionalidade: relatos autoetnográficos e desafios político-pedagógico. Revista diversidade e educação, v. 11, n. 2, p. 133-157, 2024.

MARTINS, Samara Escobar et al. Um olhar feminino sobre a mestria e a participação da mulher na capoeira da Grande Florianópolis. Licere, v. 24, n. 1, p. 385-407, 2021.

MENEZES, Letícia de Oliveira. Pode uma subalterna gingar? A epistemologia das mulheres pretas capoeiristas. Revista espaço acadêmico, v. 20, n. 225, p. 63-71, 2020.

MENEZES, Letícia de Oliveira; ARAÚJO, Janja. Eu vou dizer a dendê, tem homem e tem mulher: uma abordagem sobre as mulheres negras na Capoeira Angola soteropolitana. In: ARAÚJO, Janja; SILVA, Renata de Lima; FERREIRA, Elizia Cristina (Org.). Mulheres que gingam: reflexões sobre as relações de gênero na capoeira. Curitiba, PR: Appris, 2022.

PAIVA, Ilnete Porpino de. A capoeira e os mestres. 2007. 166f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2007.

PERROT, Michelle. Práticas da memória feminina. Revista brasileira de história, v. 9, n. 18, p. 9-18, 1989.

PEREIRA, Tatiane de Assis; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. Capoeiras: a representação da mulher nessa arte luta brasileira. Pensar a prática, v. 22, p. 1-12, 2019.

SILVA, Eliane Glória Reis da. As mestras de capoeira: empoderamento e visibilidade. 2018. 117f. Tese (Doutorado em Ciências do Exercício e do Esporte). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

SILVA, Mayris de Paula. Educação com as mãos no chão: um princípio formativo a partir das memórias de mulheres mestras de capoeira no Estado de São Paulo. 2023. 283f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2023.

SILVA, Maria Zeneide Gomes da. Identidade de gênero: mandingas, malícias e o jogo de poder nas rodas de capoeira paraense. Gênero na Amazônia, n. 7-12, p. 73-84, 2017.

SOUZA, Eliane Glória Reis da Silva; DEVIDE, Fabiano Pries. Capoeira regional: representações sociais das mestras e formandas sobre sua inserção e atuação no ensino da luta no Rio de Janeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 17; CONGRESSO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, 4. Anais [...]. Porto Alegre, RS: CBCE, 2011.

ZAMBONI, Márcio. Marcadores sociais da diferença. Sociologia: grandes temas do conhecimento, v. 1, p. 14-18, 2014.

ZONZON, Christine Nicole. Nas rodas de capoeira e da vida: corpo, experiência tradição. Salvador, BA: EDUFBA, 2017.

Downloads

Publicado

2024-08-02

Como Citar

França, A. L. de, & Leiro, A. C. R. (2024). CAPOEIRA E INTERSECCIONALIDADE: DESAFIOS NOS PERCURSOS FORMATIVOS DE MESTRAS NO BRASIL. Corpoconsciência, 28, e17889. https://doi.org/10.51283/rc.28.e17889

Edição

Seção

Seção Temática - EDUCAÇÃO FÍSICA E DIVERSIDADE