A chefia mura e a conjunção de todas as “turmas” em uma

Autores

  • Fernando Augusto Fileno fernando_fileno@hotmail.com
    Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (Cesta - USP). http://orcid.org/0000-0003-2510-8598

DOI:

10.48074/aceno.v5i10.7258

Resumo

A questão da chefia ameríndia traz em seu âmago uma redefinição sobre o que é espaço político e que outros modos de relação são possíveis entre chefia e grupo. Esse artigo volta-se para essa definição a partir da etnografia dos Mura, grupo indígena de língua mura, hoje falantes do português. A agência dos tuxaua mura existe como meio para manter as pessoas daquele lugar naquele lugar. A aldeia se faz dos laços criados entre as pessoas e com o lugar em que elas vivem, porém, esses laços se estendem para alem de fronteiras rígidas. A aldeia não é o fim, nem limite desses laços, mas são eles que o tuxaua intenta controlar para lograr que a aldeia siga existindo enquanto espaço de alegria/vida e não apenas como um ponto no mapa da memória daqueles que se dispersaram.

Biografia do Autor

Fernando Augusto Fileno, Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (Cesta - USP).

Mestre pelo programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo. Possui graduação e licenciatura em História pela Universidade de São Paulo (2012), atualmente realiza atividades junto ao CEstA/USP, Centro de Estudos Ameríndios, do qual faz parte como pesquisador.

Referências

AMOROSO, Marta Rosa. O ambientalismo e as novas negociações dos Mura do rio Preto do Igapó-Açu (AM). Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, v. 11, p. 11-24, 2011

_________________ . O nascimento da aldeia mura: sentidos e modos de habitar a beira. In: AMOROSO, M. e MENDES DOS SANTOS, G. (org). Paisagens Ameríndias: lugares, circuitos e modos de vida na Amazônia. São Paulo: Terceiro Nome, 2013, p. 93-114.

BARCELOS NETO, Aristóteles. Apapaatai: Rituais de Máscaras no Alto Xingu. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2008.

CLASTRES, Pierre. Copérnico e os Selvagens. In: Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac&Naify. 2003 [1974], p. 25-45.

___________________. Do Um sem o Múltiplo. In: Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac&Naify. 2013 [1974], p.201-231.

_________________ . Sociedade Contra o Estado. In: Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac&Naify. 2013 [1974], p. 201-231.

COSTA, Luiz Antonio. As Faces do Jaguar. Parentesco, História e Mitologia Entre os Kanamari da Amazônia Ocidental. Tese de Doutorado, Antropologia Social, 2007.

FAUSTO, Carlos. Donos demais: maestria e domínio na Amazônia. Mana. Estudos de Antropologia Social, vol. 14, n. 2, 2008, p. 329-366.

Autor. No seio do rio: linhas que casam, que curam e que dançam. Parentesco e corporalidade entre os Mura do Igapó-Açu. Dissertação de mestrado, Antropologia Social, 2016.

__________________. Ele não sabia nada e elas ensinaram tudo – a agência das mulheres mura no processo de humanização. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia. Pelotas, Unipel, 2019 [no prelo].

FRANCHETTO, Bruna. A Celebração da História nos Discursos Cerimoniais Kuikúro (Alto Xingu). In: VIVEIROS DE CASTRO, E e CARNEIRO DA CUNHA, M. (org.) Amazônia Etnologia e História Indígena. São Paulo: NHII/USP FAPESP, 1993, p. 95-116

GUERREIRO JUNIOR, Antonio Roberto. Ancestrais e suas Sombras Uma Etnografia da Chefia Kalapalo e seu Ritual Mortuário. Tese de Doutorado, Antropologia Social, 2012.

GOW, Peter. Of Mixed Blood. Kinship and History in Peruvian Amazonia. Oxford: Claredon Press, 1991.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: Cia das Letras. 2004 [1955].

LIMA, Tânia Stolze. Um peixe olhou pra mim: O Povo Yudjá e a Perpectiva. São Paulo: Ed. da UNESP/ISA/Nuti, 2005.

LIMA, Tânia Stolze & GOLDMAN, Marcio. “Prefácio”. In: CLASTRS, P. Sociedade Contra o Estado. São Paulo: Cosac&Naify, 2003, p. 201-231.

LOWIE, Robert. Some Aspects of Political Organization among the American Aborigines. The Journal of the Royal Anthropological Institute of Great Britain and Ireland. Vol. 78, N. 1/2, p. 11-24, 1948.

MAIZZA, Fabiana. Cosmografia de um Mundo Perigoso: Espaço e Relações de Afinidade entre os Jarawara da Amazônia. São Paulo: Edusp, 2012.

OVERING, Joanna. The Piaroa: A people of the Orenoco Basin. Oxford: Claredon Press, 1975.

OVERING, Joanna; PASSES, Alan (Orgs). Introduction. In: OVERING, Joanna; PASSES, Alan (Eds). The Anthropology of Love and Anger, The Aestheics of Conviviality in Native Amazonia. London: Routledge, 2000.

SAUMA, Julia F. – The Deep and the Erepecuru: tracing transgressions in an Amazonian Quilombola Territory. Tese de Doutorado, Antropologia Social, 2013.

SEEGER, A., DA MATTA, R. & CASTRO, E.B.V. DE. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro 32, p. 2-19, 1979.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Araweté: os Deuses Canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar/ANPCS, 1986

Downloads

Publicado

2019-07-07

Edição

Seção

Dossiê Temático: Políticas Ameríndias