A ECOLINGUÍSTICA E O ESTUDO DAS LÍNGUAS DE SINAIS: LÍNGUA, LINGUAGEM E SINAIS DOMÉSTICOS

Autores

  • Hildo Honório do Couto hiho@unb.br
    Universidade de Brasília (UnB)
  • Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto hiho@unb.br
    Universidade Federal de Goiás

Palavras-chave:

Ecolinguística, língua e linguagem, línguas de sinas, sinais domésticos, língua como interação.

Resumo

O objetivo deste artigo é mostrar que a Ecolinguística tem um potencial muito grande como modelo teórico a ser utilizado no estudo das línguas de sinais. Além de ver a língua sempre em contexto, ela considera a interação comunicativa o núcleo da linguagem. Com isso, aquilo que a tradição considera “a língua”, ou seja, a gramática, é visto como parte das regras interacionais: suas regras sistêmicas (gramática) também existem para garantir a eficácia da comunicação. O ensaio argumenta ainda que a distinção entre “língua” e “linguagem”, inexistente nas línguas germânicas, é importante para distinguir determinadas situações: a primeira refere- se ao que se poderia chamar “língua plena”; a segunda, designaria situações como a de indivíduos surdos que interagem com os membros da família por sinais domésticos, entre outras. Enfim, língua é um tipo especial e específico de linguagem. 

Biografia do Autor

Hildo Honório do Couto, Universidade de Brasília (UnB)

Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade de São Paulo (1969), mestrado em Lingüística pela Universidade de São Paulo (1973) e doutorado em Lingüística pela Universitaet zu Koeln (1978), Alemanha. Atualmente é Pesquisador Associado da Universidade de Brasília. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Fonologia, Contato de Línguas, Crioulística e Ecolingüística, atuando principalmente nos seguintes temas: contato de línguas, relações entre língua e meio ambiente (Ecollinguística). Atualmente, está desenvolvendo, juntamente com colaboradores, a versão da Ecolinguística chamada Linguística Ecossistêmica, no âmbito da Escola de Ecolinguística de Brasília. Para detalhes, ver o blog: www.meioambienteelinguagem.blogspot.com

Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto, Universidade Federal de Goiás

Possui pós-doutorado em Linguística na UNB, mestrado e doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professora Associada da Universidade Federal de Goiás. Vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística. Orienta trabalhos de Mestrado e Doutorado na área de Linguística com ênfase em Análise do Discurso, Ecolinguística, Linguística ecossistêmica, Análise do Discurso Ecológica, Antropologia do Imaginário, Sua produção acadêmica tem contemplado temas que envolvem questões relacionadas ao discurso, ecologia, mito, práticas discursivas da atualidade, mídia, cinema. É coordenadora do Núcleo de Pesquisa NELIM- Núcleo de Ecolinguística e Imaginário cadastrado no CNPQ. Representante regional (Brasil) da Análise do Discurso Ecológica (Critical Ecosystemic Linguistics) no steering groups da International Ecolinguistics Association, localizada na University of Gloucestershire, UK. 

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Publicado

2018-05-16

Como Citar

Couto, H. H. do, & Couto, E. K. N. N. do. (2018). A ECOLINGUÍSTICA E O ESTUDO DAS LÍNGUAS DE SINAIS: LÍNGUA, LINGUAGEM E SINAIS DOMÉSTICOS. Revista Diálogos, 6(2), 198–220. Recuperado de https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/revdia/article/view/6659

Edição

Seção

Artigo de Convidado