A glotalização das fricativas anteriores na fala dos ribeirinhos no povoado Mocambinho em Buriti-MA
Resumo
Os fonemas /v/, /z/, /ʒ/ e /s/, quando são realizados em palavras e expressões como: ‘a gente’, ‘mais’, ‘vamos’, ‘mesmo’, ‘mais não’, geralmente, são falados como sons glotais em muitos estados nordestinos. Nesse texto, o objetivo principal é apresentar uma análise da glotalização nas consoantes fricativas do português no povoado Mocambinho, em Buriti-Maranhão. Para isso, fizemos um estudo bibliográfico na área da Sociolinguística como: LABOV, 2008 [1972], Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]), Guy e Zilles (2007) e, na Fonética e fonológica do Português brasileiro: SILVA (2007), SEARA, NUNES e VOLCÃO (2022). Depois disso, coletamos os dados por meio de entrevista sociolinguística, transcrevemo-las e, por último, analisamos qualitativamente as ocorrências do fenômeno na fala dos ribeirinhos. Observamos que a fala dos ribeirinhos apresenta o fenômeno da glotalização das fricativas posteriores, pois há uma troca da alveopalatal [ʒ], e de outras como veremos mais à frente, em contexto inicial e final de sílabas, assim como nas fricativas [s], [z] em final de sílaba, já na labiodental vozeada [v] a ocorrência se dá no início da sílaba.A partir desses resultados concluímos que,na amostra da fala desta pesquisa,as fricativas /v/, /z/, /ʒ/ e /s/,são realizadas foneticamente de forma vozeadas e desvozeadas em alguns contextos situacionais,um fenômeno que pode variar influenciado por fatores linguísticos e extralinguísticos em vista das peculiaridades da comunidade de fala observadas neste estudo.
Referências
ALMEIDA, Hélio. Origem do povoado mocambinho. São Luis-Ma, 2018, p.1.
ALVES, BélicheC. C.; Pereira Sousa, L. K. A Variação Nós/A Gente no Falar Maranhense. Porto Das Letras, 6(1), 2020, 34-49. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/8079.
BOTASSINI, Jacqueline Ortelan Maia. A variação no uso dos róticos em Porto Alegre. Estudos linguísticos, São Paulo, 40 (2): p. 1060-1072, mai-ago 2011. Disponível em: https://revistas.gel.org.br/estudos-linguisticos/article/view/1361/903. Acesso em: 10/01/2023.
CEZARIO, Maria Maura; VOTRE, Sebastião. In: MARTELOTTA, Mário (Org.). Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2017.
COELHO, Izete Lehmkuhl, et al. Para Conhecer sociolinguística.. São Paulo: Contexto 2021.
COSTA. L.T., COTOVICZ. M. Notícias de uma sobrevivente: A variante rótica vibrante múltipla alveolar em Rebouças, PR. Sociodialeto, v. 6, n. 17, Campo Grande, 2015.
FARACO, C. A.; ZILLES, A. M. Norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017.
FARIA, Regina Helena Martins de Osvaldo Freire de Faria: histórias de sua vida e de sua terra /Regina Helena Martins de Faria, Maria da Graça de Faria Moura, Elizabeth Maria de Faria Ramos. – São Luís: Lithograf, 2010.
FREITAG, Raquel Meister Ko. Documentação sociolinguística: coleta de dados e ética em pesquisa [recurso eletrônico]. São Cristóvão: Editora UFS, 2017.
GOMES, Christina Abreu; SOUZA, Claúdia Nívia Roncarati.Variáveis fonológicas In Introdução À Sociolinguística :o tratamento da variação.
HORA, Dermeval. Fonética e Fonologia. UFPB. 2009.Disponível em: http://portal.virtual.ufpb.br/wordpress/wp-content...Acesso em :24/10/22. em: (iphan.gov.br) acesso em 22/12/2022.
JESUS, Cláudia Santos de. A variação fonética do em tempo real em duas localidades sergipanas. 2015. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2014.164 f.Disponível em: https://alib.ufba.br/sites/alib.ufba.br/files/dissertacao_claudia_santos_de_ jesus.pdf.Acesso. Acesso em: 08/03/23.
LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Tradução de M. Bagno; M. M. P. Scherre; C.
LIMA, Elimária Oliveira. A Variação dos pronomes Nós e A gente no Português falado no Maranhão.,VII SIMELP -Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa,2019.Disponível em: https://simelp.fflch.usp.br/vii-simelp-de-volta-ao- brasil.Acesso em 20/10/22.
LOPES de Melo, M. A. S., & Gomes, C. A. (2017). O papel do item lexical e da estrutura social na direcionalidade da mudança sonora. Letrônica, 10(1), 210–224. https://doi.org/10.15448/1984-4301.2017.1.24971. Acesso em:03/02/2023.
OLIVEIRA, E. V. de M. e SANTOS, M. T. R. dos. (2020). Variantes sociolinguísticas e a posteriorização das fricativas vozeadas em Alagoas. Filologia E Linguística Portuguesa, 22(1), 41-53. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v22i1p41-53. Acesso em :10/03/23.
OLIVEIRA, E. V. de M., BARBOSA. J. W. A influência da nasalização na posteriorização de fricativas vozeadas no dialeto alagoano. Disponível em: http://www.univates.br/revistas/index.php/signos/article/view/2944.Acesso em :10/03/23.
PAIVA,M daC.de;DUARTE,M.E.L. Mudança linguística:observação no tempo real.In:MOLLICA,M.C;BRAGA,M.L.(org). Introdução à Sociolinguística: O tratamento da variação. 4 ed. São Paulo: Contexto, 2012. p.179-190.
PAIVA,Maria da Conceição de. Mudança em tempo real. In: MOLLICA, Maria Cecília; Celso Ferrarezi Junior de (Orgs). Sociolinguística, sociolinguísticas: uma introdução. São Paulo. Contexto: 2016, p. 23.
PEDROSA, Juliene; LUCENA, Rubens M. Fonologia estruturalista. In: HORA, Demerval da; MATZEANUER, Carmem. FONOLOGIA, fonologias: uma introdução. São Paulo:Contexto,2017.p.15-30.
RAMOS, C. M. A.; BEZERRA, J. R. M.; ROCHA, M. F. S. Do nosso cotidiano ou do cotidiano da gente? Um estudo da alternância nós/a gente no português do Maranhão. Revista Signum. Londrina, v. 12, n. 1, p. 279-292, jul. 2009.
RODRIGUES, Ana Germana Pontes. Ramo rê se rai dá certo: o enfraquecimento da fricativa /v/ no falar de Fortaleza. 2013. CD-ROM 170f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Fortaleza, 2013.Disponível em: https://www.uece.br/posla/wpcontent/uploads/sites/53/2019/11/Anagermanapontesrodrigues.pdf. Acesso em:10/03/23.
RODRIGUES, Ana Germana Pontes. Variação e atitudes linguísticas na realização de fricativas no falar de Fortaleza-CE [recurso eletrônico] / Ana Germana Pontes Rodrigues. - 2018. CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico com 282 folhas, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm). Tese (doutorado) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Fortaleza, 2018.Disponível em:https://www.uece.br/posla/wp-content/uploads/sites/53/2019/11/TESE_ANA-GERMANA-PONTES-RODRIGUES.pdf. Acesso em:15.05.23.
RODRIGUES, Arianne Paula Ribeiro da Costa. A monotongação nas construções orais da variedade linguística potiguar: uma análise sociolinguística. / Arianne Paula Ribeiro da Costa Rodrigues. - Mossoró / RN, 2020.139p.Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem). Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
SANTOS, Clécio Marques; SILVA Flávia Regina Neves. A identidade maranhense: um estudo da escrita na Web.Disponível em: http://www.letramagna.com/artigos_18/artigo3_18.pdf.Acesso em : 06/11/21.
SEARA, Izabel Christine. Fonética e fonologia do português brasileiro: 2º período / IzabelChristine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes, Cristiane Lazzarotto-Volcão – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.
SELKIRK, E. The Syllable. In: HULST, H.; SMITH, N. (org.). The structure of phonological representations. Dordrecht: Foris, 1982. p.337-383.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia: Perspectivas Complementares. Revista de Estudos da Linguagem, Vitória da Conquista - BA, v. 3,2006.
SILVA,Thaís Cristófaro. Fonética e Fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo:Ática,2007.
VITÓRIO, E. G. de S. L. A. A realização dos pronomes nós e a gente na função de sujeito e nas funções de complemento e adjunto na cidade de Maceió/AL. Letrônica, 10, 01, 2017, 122 - 138. Disponível em: https://doi.org/10.15448/1984- 4301.2017.1.24756.
VITÓRIO. Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar , (2017) O PRONOME A GENTE NA FALA MACEIOENSE: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/16931.Acesso em 20.10.22.
WEINREICH, U,; LABOV, W; HERZOG, M. I. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006 [1968].
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
