O Custo Socioambiental da Destruição de Castanheiras (Bertholletia excelsa) no Estado do Pará

Autores

  • Antônio Cordeiro de Santana acsantana@superig.com.br
    Universidade Federal Rural da Amazônia
  • Ádina Lima de Santana adina.santana@gmail.com
    Universidade de Campinas
  • Rafael de Paiva Salomão salomao@museo-goeldi.br
    Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Ádamo Lima de Santana adamo@ufpa.br
    Universidade Federal do PArá
  • Nilson Luiz Costa ecnilson@msn.com
    Universidade Federal de Santa Maria
  • Marcos Antônio Souza dos Santos marcos.santos@ufra.edu.br
    Universidade Federal Rural da Amazônia

DOI:

10.19093/res.v18i37.2997

Palavras-chave:

Externalidades, Valoração dos recursos naturais, Mercado de castanha-do-brasil, Reserva extrativista.

Resumo

A destruição dos recursos naturais na Amazônia, causada pela abertura de estradas e da implantação de grandes projetos agropecuários, madeireiros, de extração mineral e produção de energia, não promoveram o desenvolvimento socioeconômico e ambiental nos locais onde foram implantados. As reservas de castanheiras no estado do Pará foram vítimas dessa política de desenvolvimento, em que a produção média entre os períodos 1970/73 e 2007/10 caiu de 27.663,5 ton. para 7.246,25 ton. e a sociedade não foi efetivamente compensada por essas externalidades. Nesse trabalho, estimou-se o sistema de equações de oferta e demanda de castanha-do-brasil por meio do método dos momentos generalizados, com vistas a analisar o mercado e determinar o custo socioambiental de sua destruição. Os resultados mostraram que a oferta de castanha tornou-se perfeitamente inelástica e a demanda mais elástica a preço e renda no período estudado. A abertura de estradas e o preço das terras de mata produziram impactos significativos, respectivamente, negativo e positivo na produção de castanha-do-brasil. Os benefícios socioambientais da produção e comercialização da castanha caíram de R$ 34,87 milhões para R$ 13,26 milhões, o que resultou no custo socioambiental de R$ 21,61 milhões por ano entre 1990 e 2010. Finalmente, o valor total da compensação pelos danos ambientais foi estimado em R$ 540,25 milhões.

Biografia do Autor

Antônio Cordeiro de Santana, Universidade Federal Rural da Amazônia

Professor Dr. Economia Rural, líder do grupo de pesquisa GECADS e pesquisador do CNPq. Trabalha  no Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos (ISARH) da UFRA, atua nas áreas de cadeia produtiva, mercados e desenvolvimento regional.

Ádina Lima de Santana, Universidade de Campinas

Doutoranda em Engenharia de Alimentos pela UNICAMP e pesquisadora do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas, Mercados e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia

Rafael de Paiva Salomão, Museu Paraense Emílio Goeldi

Doutor em Ciências Agrárias pela UFRA, pesquisador do Museu Goeldi e orientador de pós-graduação.

Ádamo Lima de Santana, Universidade Federal do PArá

Doutor em Engenharia da Computação, Professor Adjunto da UFPA, Orientador da Pós-graduação (mestrado e doutorado) e pesquisador do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas, Mercados e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

Nilson Luiz Costa, Universidade Federal de Santa Maria

Doutor em Ciências Agrárias, Professor Adjunto da UFSM, rientador da graduação e pesquisador do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas, Mercados e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

Marcos Antônio Souza dos Santos, Universidade Federal Rural da Amazônia

Mestre em Economia e doutorando em Ciências Animal pela UFPA. Professor Assistente da UFRA, orientador da graduação e pesquisador do grupo de pesquisa em Cadeias Produtivas, Mercados e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

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Publicado

2017-02-11

Como Citar

Santana, A. C. de, Santana, Ádina L. de, Salomão, R. de P., Santana, Ádamo L. de, Costa, N. L., & Santos, M. A. S. dos. (2017). O Custo Socioambiental da Destruição de Castanheiras (Bertholletia excelsa) no Estado do Pará. Revista De Estudos Sociais, 18(37), 3–21. https://doi.org/10.19093/res.v18i37.2997

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