Clínica da precariedade
trauma, sofrimento psíquico e as produções da (a)normalidade
DOI:
10.31560/2595-3206.2022.17.13100Resumo
Apoiado nos conceitos de precariedade de Judith Butler e de trauma e simbolização da tradição psicanalítica, pretende-se explorar as nuances do sofrimento psíquico de pessoas da comunidade LGBTQIA+ decorrente da violência homo/transfóbica em sua dimensão ético-política. Assim, o ensaio apresenta um conjunto de reflexões sobre os modos pelos quais os efeitos traumatogênicos da violência homo/transfóbica cumpre uma função fundamental na dinâmica de normalização das identidades sexuais e de gênero orientada pelo regime da heterossexualidade compulsória, a grade de inteligibilidade sócio-histórica das manifestações de corpo, de gênero e de sexualidade do ocidente moderno. Além de tentar descrever a dinâmica de produção das identidades gendradas, a hipótese sobre o efeito traumatogênico da violência homo/transfóbica visa a explicar a maior incidência de depressão, ansiedade e comportamentos de risco como as tentativas de suicídio e a automutilação entre a população LGBTQIA+ do que entre a população heterossexual assim como discutir a condução analítica mais adequada a tais incidências clínicas. O conceito de “estruturas negativas”, elaborado em diálogo com a psicanálise, insinua as formações intrapsíquicas cujas manifestações clínicas se revelam na expectativa de rejeição sentida por pessoas LGBTQIA+ e na homo/trans-negatividade internalizada que, não sendo opostas às – ou desvinculadas das – formações intersubjetivas, são expressões do poder na conformação da vida psíquica do sujeito. Finalmente, argumenta-se em favor de uma escuta clínica em que a transferência e a contratransferência sirvam de horizonte à continência das formas de sofrimentos psíquicos ofuscados pela heterossexualidade como gramática social de reconhecimento hegemônica, pois a ausência deste reconhecimento pelo analista contribui para que o sofrimento de pessoas LGBTQIA+ fiquem fora do campo da representação/simbolização, dificultando a apropriação subjetiva pela qual o efeito traumatogênico da violência homo/transfóbica poderia ser ressignificada no processo psicoterapêutico.
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