Desenvolvimento infantil e deficiência: notas etnográficas sobre a Síndrome Congênita do Vírus da Zika no Rio Grande do Norte.

Autores

  • Thais Maria Valim thaismvalim@gmail.com
    Mestranda no PPGAS da UFRN

DOI:

10.48074/aceno.v6i12.8995

Resumo

A noção de “desenvolvimento infantil” estampa todas as cartilhas, manuais e conversas referentes ao acompanhamento de recém-nascidos, bebês na primeira infância e crianças. Há valores referenciais, padrões e metas estipulados a partir de uma universalidade biológica das etapas do desenvolvimento. Neste artigo, procuro refletir sobre como essas normas são negociadas em casos de crianças nascidas com alterações congênitas, como é o caso da Síndrome Congênita do Vírus da Zika, numa tentativa de traçar as diferentes formulações acerca do desenvolvimento observadas durante pesquisa de campo realizada entre famílias implicadas na epidemia do Zika no Rio Grande do Norte. 


Referências

ALVES, Raquel; FLEISCHER, Soraya. ‘O Que Adianta Conhecer Muita Gente e no Fim das Contas Estar Sempre só?’ Desafios da maternidade em tempos de Síndrome Congênita do Zika Vírus. Revista Anthropológicas, Recife. Ano 22, v. 29(2), n. 2, p. 6-27, 2018.

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de. Janeiro: LTC, 1981.

BARNES, Elizabeth. The Minority Body: A Theory of Disability. Oxford: Oxford University Press, 2016

BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria geral da prática. In: BOURDIEU: sociologia. São Paulo: Ática, p. 82-122 (Coleção Grandes Cientistas Sociais), 1983.

CHÖDRÖN, Gail. Inclusion without Potential: Disability and the Biopolitics of Neuro-logical Human Capital Investments. ProQuest Dissertations and Theses, 2015.

DAVIS, Lennard. Enforcing Normalcy: Disability, Deafness and the Body. New York: Verso, 1995.

DINIZ, Débora Zika: Do sertão nordestino à ameaça global. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.

____________. O que é deficiência. São Paulo: Editora Brasiliense; 2007.

FLEISCHER, Soraya. Segurar, caminhar e falar: notas etnográficas sobre a experiência de uma “mãe de micro” no Recife/PE. Cadernos de Gênero e Diversidade, v.3, n.2, 2017.

FLEISCHER, Soraya. Descontrolada: Uma Etnografia dos Problemas de Pressão. Brasília: EdUFSCar, 2018.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Lígia M. Pondé Vassalo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1977.

GEERTZ, Clifford. The Interpretation of Cultures: Selected Essays. New York :Basic Books, 1973.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. LTC, 4ª edição, 1981.

GONÇALVES, Carolina. Ministério da Saúde confirma a relação entre vírus zika e microcefalia. Agência Brasil, 2015. Acesso em 30/07/2019:

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-11/ministerio-da-saude-confirma-relacao-entre-virus-zica-e-microcefalia

JAMES, Alisson., & PROUT, Alan. Constructing and reconstructing childhood: Contemporary issues in the sociological study of childhood. London: Falmer Press, 1990.

KITTAY, Eva. The Ethics of Care, Dependence, and Disability. Ratio Juris 24 (1):49-58, 2011

KRÖEBER, Alfred. O superorgânico”. Em A Natureza da Cultura. Lisboa: Edições 70. pp. 39-79, 1933.

LANDSMAN, Gail. Reconstructing Motherhood and Disability in the Age of Perfect Babies. Routledge, 2008.

LAYNE, Linda. “How’s the baby doing?”: Struggling with narratives of progress in a neonatal intensive care unit. Medical Anthropology Quarterly, 10(4): 624–656, 1996.

LeBreton, David. Adeus ao corpo: antropologia e sociedade. Campinas: Papirus, 2003.

LIRA, Luciana C. ; SCOTT, Russel Parry; SOUZA, F. M. Trocas, Gênero, Assimetrias e Alinhamentos: experiência etnográfica com mães e crianças com síndrome congênita do Zika. Revista Anthropológicas , v. 2, p. 206-237, 2017.

Lira, Lays. MÃES DE MICRO: TRÊS REDES DE CUIDADO E APOIO NO CONTEXTO DO SURTO DA SÍNDROME CONGÊNITA DO VÍRUS ZIKA NO RECIFE – PE. Monografia apresentada ao Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharela em Antropologia, 2017.

MAUSS, Marcel. “As técnicas corporais”. In: Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

MELLO, Anahi; NUERNBERG, Adriano. Gênero e deficiência: interseções e perspectivas. Revista Estudos Feministas, v. 20, n. 3, 2012.

MELLO, Anahi. POR UMA ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA DA DEFICIÊNCIA: PESSOA, CORPO E SUBJETIVIDADE. TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Curso de Ciências Sociais, 2009.

MENDONÇA, João Martinho. Margaret Mead, Bali e o Atlas do comportamento infantil. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 16, n. 34, p. 315-348, jul./dez. 2010

MOSER, Ingunn. AGAINST NORMALISATION: Subverting Norms of Ability and Disability. Science as Culture, v.9, n.2, 2000.

OLIVER, Michael. Understanding Disability: From Theory to Practice. Basingstoke ; New York: Palgrave, 1996.

PORTO, Rozeli. 2014. Saúde, contracepção e aborto: profissionais de saúde e suas relações com mulheres usuárias do SUS no RN. In: Antropologia e mediadores no campo da políticas de saúde, 2014, Brasília. Saúde, contracepção e aborto: profissionais de saúde e suas relações com mulheres usuárias do SUS no RN. Brasília: UnB, 2014.

RAPP, Rayna; FAYE, Ginsburg. Enabling Disability: Rewriting Kinship, Reimagining

Citizenship. Public Culture 13.3, 533-556, 2001.

SCHUTZ, Alfred. "On Multiple Realities." In Collected Papers, vo!' I: The Problem of Social Reality. Ed. Maurice Natanson. The Hague: Nijhoff, pp. 207-59, [1945] 1962.

SIEBERS, Tobin. Disability Theory. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2008.

SILVA, Tomás Tadeu. Identidade e diferença. Organizado por Tomaz Tadeu da Silva. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000 p. 73-102.

STENGERS, Isabelle. Introductory notes on an ecology of practices. Cultural Studies Review, v. 11, 2005.

THELEN, Esther. Motor development: A new synthesis. American Psychologist, 50(2), 79-95, 1995.

______________. Development as a dynamic system. Current Directions in Psychological Science;1:189–193, 1992.

VALIM, Thais. Interpretando cuidados: narrativas maternas acerca do desenvolvimento de bebês nascidos com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em Recife/PE. Revista Áltera de Antropologia, v.1, n.1, 2019

WILLIAMSON, Eliza. Cuidado nos tempos de Zika: notas da pós-epidemia em Salvador (Bahia), Brasil. Interface (Botucatu) [online]. vol.22, n.66, pp.685-696, 2018.

Downloads

Publicado

2020-06-04

Edição

Seção

Dossiê Temático: Nos contornos do corpo e da saúde