“A escuta sensível para além das grades”: oficinas com mulheres aprisionadas

Autores

  • Márcio Alessandro Neman do Nascimento marcioneman@gmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis http://orcid.org/0000-0002-2794-1594
  • Kesley Gabriel Bezerra Coutinho kesleygbc@gmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis
  • Lorena Lopes de Oliveira lorenaloopess@gmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis
  • Anita Cristina Gonçalves da Rocha anirocha@hotmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis
  • Jefferson Adriã Reis jeffersonadriareis@gmail.com
    Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis http://orcid.org/0000-0002-9564-7442

DOI:

10.48074/aceno.v6i11.8992

Resumo

O presente artigo objetiva apresentar atividades socioeducacionais e políticas desenvolvidas com mulheres em condição de privação de liberdade em uma unidade prisional de um município de médio porte do sul de Mato Grosso. O posicionamento teórico-metodológico esquizoanalista apoia a tríade teoria-prática-supervisão por meio de “rodas de conversas” executadas por discentes de um curso de Psicologia. Concluímos que as atividades desenvolvidas produzem condições para a expressão de subjetividades normatizadas, mas também produzem maneiras singulares de condução de suas existências, estabelecendo uma conexão polifônica aberta e coletiva, baseada em respeito, compreensão e problematizações importantes sobre como superar o processo de institucionalização e construir um projeto de vida ao retornarem ao convívio social em meio aberto.

Biografia do Autor

Márcio Alessandro Neman do Nascimento, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis

Psicólogo. Professor adjunto do curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/Campus Rondonópolis. Coordenador do Laboratório Esquizoanalista de Produção de Subjetividades e(m) Interseccionalidades (LEPSI).  Membro do Núcleo de Antropologia e Saberes Plurais - NAPlus (ICHS/UFMT/Câmpus Universitário de Cuiabá)

Kesley Gabriel Bezerra Coutinho, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis

Graduado em Psicologia pela UFMT/Campus Universitário de Rondonópolis. Membro do Laboratório Esquizoanalista de Produção de Subjetividades e(m) Interseccionalidades (LEPSI).

Lorena Lopes de Oliveira, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis

Graduada em Psicologia pela UFMT/Campus Universitário de Rondonópolis. Membro do Laboratório Esquizoanalista de Produção de Subjetividades e(m) Interseccionalidades (LEPSI).

Anita Cristina Gonçalves da Rocha, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Graduada em Psicologia pela UFMT/Campus Universitário de Rondonópolis. Membro do Laboratório Esquizoanalista de Produção de Subjetividades e(m) Interseccionalidades (LEPSI).

Jefferson Adriã Reis, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/ Campus Universitário de Rondonópolis

Graduado em Letras-Português e graduando em Psicologia pela UFMT/Campus Universitário de Rondonópolis. Membro do Laboratório Esquizoanalista de Produção de Subjetividades e(m) Interseccionalidades (LEPSI).

Referências

AFONSO, Maria. Lucia. Miranda. Construindo a oficina: demanda, foco, enquadre e flexibilidade. In: AFONSO, Maria. Lucia. Miranda. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. São Paulo, Casa do Psicólogo, 2006, p. 31-61.

BARCINSKI, Mariana; CÚNICO, Sabrina. Daiana. Mulheres no tráfico de drogas: retratos da vitimização e do protagonismo feminino. Civitas: Revista de Ciências Sociais. Porto Alegre, 2016, p.59-70.

BLEGER, Judith. Psicologia Institucional. In: Bleger, Judith. Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre, Artes Médicas, 1984, p. 31-54

BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940. Brasília, Código Penal Brasileiro. Diário Oficial da União, 1940.

BRASIL. Portaria Interministerial nº 210, de 16 de janeiro de 2014. Institui a Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional, e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial da União, 2014.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo da identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileiro, 2003.

BUTLER, Judith. Cuerpos que importan: sobre los limites materiales y discursivos del “sexo”. Buenos Aires, Paidós, 2008.

CENTRO PELA JUSTIÇA E O DIREITO INTERNACIONAL. Relatório sobre mulheres encarceradas no Brasil. 2007.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional dos psicólogos. Brasília, Conselho Federal de Psicologia, 2005.

DAVIS, Angela Yvonne. Are prisons obsolete? New York, Seven Stories Press, 2003.

DE BARROS, Regina Benevides. Grupo: A afirmação de um simulacro. Porto Alegre, Sulina, 2013.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo. Lisboa, Assírio e Calvim, 1996.

DE LAURETIS, Teresa. A tecnologia do gênero. In: DE HOLLANDA, Heloisa Buarque. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro, Rocco, 1994, p. 206-242.

DE MOURA, Tatiana Whately; RIBEIRO, Natália Caruso Theodoro. Levantamento nacional de informações penitenciárias Infopen: junho de 2014. Brasília, Departamento Penitenciário Nacional-Ministério da Justiça, 2014.

DE OLIVEIRA, Odete Maria. Prisão: um paradoxo social. Florianópolis, Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.

DE OLIVEIRA, Simone Francisca. Mulheres em situação de prisão. In: FLEURY-TEIXEIRA, Elizabeth Maria; MENEGUEL, Stela Nazareth. Dicionário feminino da infâmia: acolhimento e diagnóstico de mulheres em situação de violência. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2015, p. 244-245.

FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS INSITUIÇÕES PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRAS. Plano Nacional de Extensão Universitária. Brasília, Rede Nacional de Extensão, 2001.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Vozes, 1987.

FOUCAULT, Michel. Prisões e revoltas nas prisões. In: DA MOTTA, Manuel Barros. Ditos e escritos IV: estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2003a, p. 61-68.

FOUCAULT, Michel. Sobre a história da sexualidade. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro, Graal, 2003b, p. 243-276.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro, Graal, 2005.

FRINHANI, Fernanda de Magalhães Dias; DE SOUZA, Lídio. Mulheres encarceradas e espaço prisional: uma análise de representações sociais. Psicologia: teoria e prática. Espirito Santo, 2005, p. 61-79.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, LTC, 1988.

GUATTARI, Félix. Da produção da subjetividade. In: Parente, André. Imagem-máquina: a era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro, Editora 34, 1993, p. 177-191.

GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Subjetividade e história. In: GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis, Vozes, 2005, p. 33-148.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 2001.

HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? In: DA SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2003, p. 103-133.

KASTRUP, Virgínia; BARROS, Regina Benevides. Movimentos-funções do dispositivo na prática da cartografia. In: PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; DA ESCÓSSIA, Liliana. Pistas do método cartográfico: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre, Sulina, 2009, p. 76-91.

LEMGRUBER, Julita. Cemitério dos vivos: análise sociológica de uma prisão de mulheres. Rio de Janeiro, Forense, 1999.

MOURA, Tatiana. Rostos invisíveis da violência armada: um estudo sobre o Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 7Letras, 2007.

NOGUEIRA, Conceição. Feminismo e Discurso do Gênero na Psicologia Social. Psicologia & Sociedade. Belo Horizonte, 2001, p. 107-128.

NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador, Devires, 2017.

PARKER, Richard; AGGLETON, Peter. Estigma, discriminação e AIDS. Rio de Janeiro, ABIA, 2001.

ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre, Sulina, 2007.

WELZER-LANG, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Revista Estudos Femininos. Florianópolis, 2001, p. 460-482.

ZIMERMAN, David Epelbaum; OSÓRIO, Luiz Carlos. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997.

Downloads

Publicado

2020-04-20

Edição

Seção

Artigos Livres