ADI 4277- DF: Tendências discursivas no reconhecimento e equiparação das relações entre pessoas do mesmo sexo no Brasil
DOI:
10.48074/aceno.v7i13.8311Resumo
A proposta é analisar, por meio dos discursos contrários e favoráveis, o julgamento da ADI 4277-DF e os ganhos com a decisão. No entanto, a barreira que se quer ultrapassar é a de um modelo de família tradicional. Se, por um lado, houve ganhos, por outro, a decisão deixa de avançar no reconhecimento efetivo de culturas e identidades diversas e para outros núcleos familiares. Do ponto de vista teórico, a pesquisa é construída com alicerce na teoria da rotulação, do etiquetamento e no empreendimento de normas para demonstrar como o transvio é construído a partir da adesão de indivíduos a um padrão de comportamento desviante de forma sequencial. No plano metodológico, os dados são analisados a partir da Análise Crítica do Discurso, com foco nas formas de abuso de poder e ideologias para o estudo de como os discursos sofrem influências sociais e legais, como processos de normalização de condutas resultam em desigualdades sociais. Na polarização dos grupos em disputa, encontramos diferentes forças agindo na manutenção de regras que regulamentam a relação entre pessoas do mesmo sexo, frente à naturalização da família e baseada em um suposto único modelo compreendido na exegese constitucional até o momento do julgamento.Referências
BECKER, Howard S. Outsiders. Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. 231 p..
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Centro Gráfico Senado Federal, 1988, 292 p.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.277. Decisão Distrito Federal: STF, 5 maio 2011. Disponível em: . Acesso em: 6 jun. 2014.
BUNCHAFT, Maria Eugenia; CRISTIANETTI, Jéssica. O julgamento da ADI 4277 no STF: uma crítica ao binarismo sexual à luz do debate Fraser-Honneth. Revista Direito e Liberade, Natal, v. 18, nº 2, p. 51-84, maio/ago. 2016. Quadrimestral.
BUTLER, Judith. O parentesco é sempre tido como heterossexual? Cadernos Pagu n. 21, p. 219–260 , 2003.
COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. Rio de janeiro: Edições Graal, 1999.
CURIEL, Ochy. La nación heterosexual: análisis del discurso jurídico y el régimen heterosexual desde la antropología de la dominación. Bogotá: Brecha Lésbica y en la frontera, 2013. Disponível em: <https://we.riseup.net/.../La+nacion+heterosexual.+Oc.>. Acesso em: 20 out. 2015.
DIJK, Teun A. van. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2012.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Editora da UnB, 2001
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade de saber. Tradução Maria Thereza da Costa Albuquerque; J.A Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
FRASER, Nancy. Reconhecimento sem Ética? Revista Lua Nova, São Paulo. n.70. pp. 101-138. 2007. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-64452007000100006. Acesso em: nov. 2018.
FRY, Peter. Da hierarquia à igualdade: a construção histórica da homossexualidade no Brasil. In: FRY, Peter. Para Inglês ver: identidade e política na cultura brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. p. 87–115.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Tradução Alessandra Figueireto et al. 4a. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
GOFFMAN, Evering. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Tradução Márcia bandeira de mello Leite Nunes. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Edições 34, 2014.
HONNETH, Axel. Redistribution as Recognition: a Response to Nancy Fraser. In.: FRASER, Nancy; HONNETH, Axel. Redistribution or Recognition. Londres: Verso, 2003.
MACHADO, João Baptista. Introdução ao direito e ao discurso legitimador. Coimbra: Almedina, 1991.
MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
MECCIA, Ernesto. Los peregrinos a la ley. Una ti pología de discursos sobre expertos, jueces y legisladores en torno a las demandas LGTB y al matrimonio igualitario. Matrimonio igualitario. Perspectivas sociales, políticas y jurídicas. Buenos Aires: Eudeba, 2010. Disponível em: <http://revista.dcs.jursoc.unlp.edu.ar/index.php?option=com_content&task=view&id=159&Itemid=197>. Acesso em: 15 dez. 2015.
MELLO, Luiz. Different families: the social construction of homosexual conjugality in Brazil. Cadernos Pagu n. 24, p. 197–225 , jun. 2005.
MISKOLCI, Richard. Moral panics and social control: reflections about gay marriage. Cadernos Pagu n. 28, p. 101–128 , jun. 2007.
NUERNBERG, Adriano Henrique. Uma análise crítica do direito à diferença. Revista Estudos Feministas v. 9, n. 1, p. 299–300 , 2001.
PARISOTTO, L. Diferenças de gênero no desenvolvimento sexual: integração dos paradigmas biológicos, psicanalítico e evolucionista. Revista de Psiquiatria, vol.25, nº 1, p.75-87, 2003.
RIOS, Roger Raupp. A homossexualidade no direito. Porto Alegre: Esmafe, 2001.
RIOS, Roger Raupp. Homofobia na perspectiva dos direitos humanos e no contexto dos estudos sobre preconceito e discriminação In: JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Diversidade Sexual na Educação: problematização sobre a homofobia nas escolas. 1ed. Brasília: Unesco, 2009. p. 53-83.
RIOS, Roger Raupp. Direitos sexuais, uniões homossexuais e a decisão do Supremo Tribunal Federal (ADPF nº 132 - RJ e ADI 4.277). In: RIOS, Roger Raupp; GOLIN, Célio; LEIVAS, Paulo Gilberto Logo (Orgs.). Homossexualidade e Direitos Sexuais: Reflexões a partir da decisão do STF. Porto Alegre: Sulina, 2011, p. 69-113.
RIOS, Roger Raupp; OLIVEIRA, Rosa Maria Rodrigues de. Direitos sexuais e heterossexismo: identidades sexuais discursos judiciais no Brasil. In: MISKOLCI, Richard; PELÚCIO, Larissa (orgs.). Discursos fora de ordem: sexualidade, saberes e direitos. São Paulo: Annablume, 2012.
RIOS, Roger Raupp. A criminalização e a representação midiática da homofobia: relação com a trajetória direitos sexuais no Brasil. In: VII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero da Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – ABEH [recurso eletrônico] Rio Grande de 7 a 9 de maio de 2014. – Dados eletrônicos, 2014. SEFFNER, Fernando; CAETANO, Marcio (organizadores) – Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2016. Disponível em: http://www.abeh.org.br http://editorarealize.com.br/revistas.php pg. 75. Acesso em: nov. 2018.
SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Revista Educação e Realidade. Porto Alegre, vol. 20, nº2 jul/dez 1995, p. 71-99.
VELHO, Gilberto. Desvio e divergência: uma crítica da patologia social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
WODAK, R. Do que trata a ACD: um resumo de sua história, conceitos importantes e seus desenvolvimentos. Revista Linguagem em (Dis)curso. 2004. v.4, n. Especial, pp. 223-243.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
As autoras ou autores cedem gratuita e automaticamente à Revista ACENO os direitos de reprodução e divulgação dos trabalhos publicados.