Desejos e biomedicalização do parentesco: arranjos sociais e “limites” interpessoais entre mulheres soropositivas

Autores

  • Romário Vieira Nelvo nelvo.ppgasmn@gmail.com
    Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). http://orcid.org/0000-0001-8071-5038

DOI:

10.48074/aceno.v5i9.6275

Resumo

Neste artigo, analiso os contornos subjetivos em torno do “desejo” de tornar-se mãe para três mulheres e mães jovens soropositivas, de camadas populares do Rio de Janeiro. Tomo as tecnologias médicas que elas foram contempladas como um marco importante na construção da “biomedicalização do parentesco” que, entre outras coisas, permite pensar antropologicamente sobre o valor dado aos arranjos sociais. Também destaco os “limites” nas relações interpessoais delas, sobretudo nas relações conjugais, cuja experiência do “abandono” devasta o projeto de família. O artigo, portanto, concentra-se nas esferas do “desejo”, parentalidade, arranjos sociais e “limites” interpessoais.

Biografia do Autor

Romário Vieira Nelvo, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ).

Mestrando em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). É Cientista Social pela UERJ, e pesquisador associado do Centro-latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ).

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Publicado

2018-12-22

Edição

Seção

Dossiê Temático: Parentalidades, conjugalidades e gênero