Quilombos, saúde mental e sofrimento social: a desigualdade em saúde como expressão da qualidade ambiental do território
DOI:
10.48074/aceno.v11i27.17892Resumo
Este artigo se propõe discutir a relação entre saúde mental e ambiente em comunidades tradicionais a partir da confluência do debate entre diferentes projetos de investigação em curso. O ponto de partida se dá na utilização metodologias participativas, não-extrativistas e de pesquisa-ação, em três comunidades quilombolas do nordeste brasileiro; duas no Rio Grande do Norte (Jatobá e Nova Esperança) e uma na Paraíba (Talhado). Do ponto de vista metodológico, estas investigações etnográficas partilham do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem estes sujeitos políticos e suas perspectivas a respeito do impacto das questões ambientais na saúde mental da comunidade. Essa proposta de análise e compreensão desafia as narrativas hegemônicas ao mesmo tempo que promove o interesse em estabelecer as relações entre história, memória, saber e poder numa perspectiva contra-colonial que permita pensar aspectos comunitários em saúde mental como expressão da soberania sanitária. Para este trabalho, priorizaremos a relação destas comunidades com a questão da energia éolica, dos resíduos e do acesso à agua. Entendemos que este debate propicia evidenciar os processos reveladores da determinação social da saúde em comunidades quilombolas, assim como os processos geradores de desigualdades socioespaciais e raciais em saúde e sua articulação com movimentos sociais envolvidos em processos de mobilização e resistência. Reconhecê-los a partir das vozes dos moradores contribui para o enfrentamento das desigualdades e injustiças por intermédio de uma promoção emancipatória da saúde mental.
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