“Nós somos o Crime na Fronteira” As Bocas Familiares e o PCC “correndo junto” em corumbá-ms
DOI:
https://doi.org/10.22228/rtf.v14i2.1088Resumo
Este artigo é fruto de uma parceria de mais de uma década de pesquisas etnográficas realizadas na fronteira Brasil-Bolívia (Corumbá, Ladário e Puerto Quijarro – Puerto Suarez). O principal objetivo desse texto é demonstrar de que modo os atores sociais, moradores da região envolvidos com o narcotráfico, mobilizam a fronteira como um recurso, ressaltando a importância da escala “micro” e local no funcionamento de grandes redes transnacionais de comércio de drogas, garantindo sua eficácia comercial. O artigo aponta também para a reorganização recente do comércio local de drogas ilícitas a partir da emergência e estabelecimento do PCC (Primeiro Comando da Capital), inicialmente no presídio da cidade de Corumbá e posteriormente para as ruas nos últimos anos.Referências
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Entrevista
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Felix. Giovanni França Oliveira. 02/2020
Thor. Giovanni França Oliveira. 03/2011
Bernardo. Giovanni França Oliveira. 03/2020
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