Rua Âmbar, de Eloí Bocheco: o brincar criativo e a abordagem da morte na narrativa infantil e juvenil catarinense
Palavras-chave:
Rua Âmbar, Eloí Bocheco, Leitura literária, Literatura infantojuvenilResumo
Rua Âmbar, de Eloí Bocheco (2013), narrativa indicada por nós em estudo anterior para leitores a partir do leitor-em-processo (COELHO, 2010), exige uma mirada mais demorada quando se parte de denominações gerais, como “literatura infantil” ou “literatura juvenil”, para uma classificação. Neste estudo, concentramo-nos na análise de dois temas que se destacam na obra: o brincar criativo, diretamente ligado à adesão ao universo maravilhoso e sua coalisão com a realidade circundante a Miro, o protagonista; a abordagem da finitude, tendo em vista o processo de individualização paterna, localizado em diferentes situações do enredo e corroborado na morte trágica de Seu Leopoldo, pai de Miro. Quanto aos aspectos conclusivos, cabe mencionar que a narrativa apresenta características literárias que suplantam a qualidade observada em outras obras da autora. Todavia, como em cada nova obra, Eloí Bocheco apresenta singularidades, vieses que pormenorizam sua ficção, sua linguagem e a abordagem da vida e da existência, em especial, das suas personagens em vias de entrada na adolescência. É nesse sentido que, no fechamento do estudo, apontamos o fato de Rua Âmbar não assentar na categoria juvenil, tampouco na infantil – apesar de os temas explorados no estudo apontarem, cada um para um desses sistemas. Quando pensando a partir de um público específico, a obra está mais próxima dos leitores e das leitoras pré-adolescentes e adolescentes – grupo que, aliás, fica apagado quando pontuamos os dois sistemas mencionados – e que pode ser chamado de “infantojuvenil”, retomando a expressão de modo pontual para sinalizar esse público.
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