A sintaxe na gramática portuguesa do século XVIII: o caso da gramática filosófica de Melo Bacelar (1783)
Resumo
Neste artigo, investigamos o tratamento da sintaxe na primeira gramática filosófica da língua portuguesa com o objetivo de verificar se Melo Bacelar utiliza a teoria emergente da gramática geral francesa na descrição e na análise dos fenômenos sintáticos. A análise mostra-nos que o gramático português não utiliza a teoria geral francesa, não obstante o aparato teórico e conceitual que se encontra no prólogo e na exposição das razões dos fatos linguísticos, o que configura uma gramática filosófica. Na verdade, a sintaxe é baseada no modelo da gramática latina do Renascimento, com o tratamento dos fenômenos de concordância e de regência.
Referências
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