Cisgeneridade perversa: o pacto narcísico da negação de si

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/2410051.8.23-15


Resumo

Este artigo tem como objetivo identificar e denunciar, à luz da psicanálise, o que denominamos de pacto narcísico da cisgeneridade. Tal como Maria Aparecida Bento elabora o conceito de pacto narcísico com relação às dinâmicas raciais da branquitude, pretendemos elaborá-lo com relação às dinâmicas da cisgeneridade. Tendo a teoria psicanalítica como teoria de base, busca-se argumentar que a cisgeneridade opera conforme mecanismos de defesa que garantem estabilidade e segurança subjetiva à cisgeneridade, promovendo, em contrapartida, a precarização de subjetividades e existências trans. Para tanto, o artigo é seccionado em três partes. Inicialmente, voltamo-nos à definição dos conceitos de pacto narcísico, de perversão e Outridade pela teoria psicanalítica, a fim de compreender como o processo de nomeação do Outro opera a partir de alianças e contratos coloniais. Em seguida, analisamos especificamente o conceito de pacto narcísico da cisgeneridade, analisando a atuação de tais alianças entre pessoas cisgêneras e seus impactos nas vidas de pessoas trans e gênero-dissidentes. Por fim, investigamos os mecanismos perversos da cisgeneridade em analogia aos mecanismos de defesa do ego expostos por Grada Kilomba ao tratar da branquitude. A contribuição teórica do artigo se volta à compreensão da cisgeneridade enquanto uma estrutura perversa dentro do escopo psicanalítico. Como resultado, compreende-se que o pacto narcísico da cisgeneridade se mostra como a manutenção perversa de universalismos e de relações de poder sociais e institucionais.

Biografia do Autor

  • Alexandra de Gouvêa Vianna, Universidade Santa Úrsula – USU

    Docente do Curso de Graduação em Psicologia da Universidade Santa Úrsula/USU, RJ. Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica na linha de pesquisa Psicanálise: clínica e cultura da PUC-Rio com a tese "As toxicomanias na clínica psicanalítica". Mestre em Psicologia Clínica na linha de pesquisa Psicanálise: clínica e cultura da PUC-Rio, com a dissertação "Mais além dos paraísos artificiais". Graduação em Psicologia na PUC-Rio. Atua principalmente nos seguintes temas de pesquisa: psicanálise, cultura e manifestações subjetivas da dor de existir (uso abusivo de álcool e outras drogas, automutilação e demais compulsões). Editora Ajunta da Revista Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro.

  • Bruno Latini Pfeil, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

    Psicólogo (CRP05/71525), graduado pela Universidade Santa Úrsula (USU-RJ). Mestrando em Filosofia (PPGF-UFRJ). Pós-graduando em Psicanálise e Relações de Gênero: Ética, Clínica e Política (FAUSP). Graduando em Antropologia (UFF). Membro do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL/UFRJ). Coordenador da Revista Estudos Transviades.

Downloads

Publicado

19-05-2025

Edição

Seção

Revisões bibliográficas

Como Citar

Cisgeneridade perversa: o pacto narcísico da negação de si. (2025). Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 8(23). https://doi.org/10.29327/2410051.8.23-15

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)