Saúde e bem-estar nos ODS: problematizando os conceitos de saúde e doença a partir do diálogo entre saberes
DOI:
10.48074/aceno.v6i12.8994Resumo
Saúde e bem estar são questões prioritárias nos documentos que propõem-se a orientar as nações rumo ao desenvolvimento sustentável. Contempladas no objetivo 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estas questões refletem o conhecimento hegemônico e atendem aos interesses do modelo de desenvolvimento capitalista. Este artigo reflete sobre as concepções que orientam as estratégias que visam um desenvolvimento sustentável, e o modelo de desenvolvimento com o qual estão comprometidos. Por fim, aponta a intermedicalidade como um caminho possível na promoção efetiva da saúde e do bem estar das pessoas.
Referências
BARROS, José Augusto de. Pensando o processo saúde doença: a que responde o modelo biomédico? Revista Saúde e Sociedade. São Paulo, v. 11, n. 1, 2002, p. 67-84.
BASSEY, Nnimmo. Breaking the chains of development. In: KOUTHARI, Ashish et al. (Ed.). Pluriverse: a post-development dictionary. Delhi: Tulika Books, 2019, p. 3-5.
BATISTELLA, C. Saúde, Doença e Cuidado: complexidade teórica e necessidade histórica. In: FONSECA, A. F.; CORBO, A. M. D'A. (orgs.). O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/FIOCRUZ, 2007, p. 25-50.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1988.
BECKER et al. Dialogando sobre o processo saúde/doença com a Antropologia: entrevista com Esther Jean Langdon. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, v. 62, n. 2,2009, p. 323-326.
BEZERRA, Anselmo César Vasconcelos. Vigilância ambiental em saúde no Brasil: heranças e desafios. Saúde e Sociedade. São Paulo, v. 26, n. 4, 2017, p. 1044-1057.
BOCCARA, Guillaume. Saúde indígena: políticas comparadas na América Latina. In: LANGDON, Esther Jean; CARDOSO, Marina D. (orgs). Saúde indígena: políticas comparadas na América Latina. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2015, p. 195-216.
BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Rio de Janeiro,Vozes, 2014.
CANDAU, V. M. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, 2008, p. 45-56. Abr. .
CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo, Cultrix, 1982.
CHAKRABARTY, Dipesh. Provincializing Europe: postcolonial thought and historical difference. Princeton, New Jersey, Princeton University Press, 2000.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Relações e dissensões entre saberes tradicionais e saber científico. In: ______. Cultura com Aspas e outros ensaios. São Paulo, CoascNayf, 2009, p. 301-310.
ESCOBAR, A. Post-development as a concept and social practice. In: ZIAI, A. (Ed.). Exploring Post-Development: Theory and Practice, Problems and Perspectives. New York: Routledge, 2007, p. 18-31.
FERREIRA, L. O. Interculturalidade e saúde indígena no contexto das políticas públicas brasileiras. In: LANGDON, E. J.; CARDOSO, M. D. (Org.) Saúde Indígena: Políticas comparadas na América Latina. Florianópolis: Editora da UFSC, 2015, p. 217-246.
FOLLÉR, M. A. Intermedicalidade: a zona de contato criada por povos indígenas e profissionais de saúde. In: LANGDON, E. J.; GARNELO, L. (Org.). Saúde dos povos indígenas: reflexões sobre antropologia participativa. Rio de Janeiro: Contra Capa: Associação Brasileira de Antropologia, 2004, p. 129-147.
GIORGIA, Piras. Transculturação, intersubjetividade, zona de contato em uma perspectiva decolonial da tradução. CONGRESSO INTERNACIONAL EPISTEMOLOGIAS DO SUL, 2016, Foz do Iguaçu – PR. Anais eletrônicos do Congresso Epistemologias do Sul. Foz do Iguaçu: Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), 2017. Disponível em: <https://revistas.unila.edu.br/aeces/article/view/705> Acesso em: jan. 2018.
GÓMEZ-BAGGETHUN, Erik. Sustainble development. In: KOUTHARI, Ashish et al. (Ed.). Pluriverse: a post-development dictionary. Delhi: Tulika Books, 2019, p. 71-73.
GREENE, S. The shaman´s needle: development, shamanic agency, and intermedicality in Aguaruna Lands, Peru. American Ethnologist, Malden, v. 25, n. 4, 1998, p. 634-658.
GÜEMES, Alonso Muños. Medicina tradicional em la Huasteca Potosina. Glosario médico español tenek. Ciudad Valles, San Luis Potosí: Fundación Universitaria Andaluza Inca Garcilaso, 2012. Disponível em: <http://www.eumed.net/libros-gratis/2013/1284/index.htm> Acesso em: dez. 2017.
LANGDON, Esther Jean; WIIK, Flávio Braune. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde.Revista Latino-Americana de Enfermagem. São Paulo, v. 18, n. 3, 2010, p. 1-9.
LEAU, Carmen Yon. La interculturalidad realmente existente en salud. Revista Argumentos. Edición N° 3, Año 11, 2017. 36-41 Instituto de Estudios Peruanos ISSN 2076-7722
LEFF, Enrique. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Rio de Janeiro, Vozes, 2015.
MACHADO, Maria Helena Pereira Toledo. PRATT, Mary Louise. Os Olhos do Império. Relatos de viagem e transculturação. Universidade de São Paulo. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 20, n. 39, 2000, p. 281-289.
MARTIN, Leonard M. A ética e a humanização hospitalar. In: PESSINI, Leo; BERTACINI, Luciana (Orgs.) Humanização e Cuidados Paleativos. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004, p. 31-49.
MARTINS, Paulo Henrique. DOSSIÊ O ensaio sobre o dom de Marcel Mauss: um texto pioneiro da crítica decolonial. Sociologias, Porto Alegre, ano 16, n. 36, mai./ago. 2014, p. 22-41. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/15174522-016003602> Acesso em: dez. mar. 2017.
McCALLUM, C.; ROHDEN, F.; GRUDZINSKI, R. Introdução — Hegemonia biomédica e pluralismo ontológico no Brasil. In: McCALLUM, C.; ROHDEN, F. (Org.). Corpo e saúde na mira da antropologia: ontologias, práticas, traduções. Salvador EDUFBA: ABA, 2015. p. 7-26.
MENENDÉZ, Eduardo. El Modelo Médico y la Salud de los Trabajadores. Salud Colectiva, La Plata, 1(1): p.9-32, jan./abr. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.org.ar/pdf/sc/v1n1/v1n1a02.pdf> Acesso em: dez. 2018.
MONTIBELLER- FILHO, Gilberto. O mito do desenvolvimento sustentável: Meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianópolis, Ed. da UFSC, 2001.
MORIN, Edgar. Terra-pátria. Lisboa, Instituto Piaget, 1993.
MORIN, Edgar. Saberes Globais e Saberes Locais. Rio de Janeiro, Garamond, 2010.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo, Cortez, Brasília, DF: UNESCO, 2011.
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL - ONU BR. A Agenda 2030. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ > Acesso em:jul. 2019.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2014-2023. Disponível em: <https://www.who.int/topics/traditional_medicine/WHO-strategy/es/> Acesso em: ago. 2019.
PRATT, Mary Louise. A crítica na zona de contato: nação e comunidade fora de foco. Travessia: Revista de literatura. n. 38, 1999, p. 7-30.
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires, CLACSO – Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005.
SANTOS, Boaventura de Souza (org). Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.
SANTOS, Boaventura de Souza; MENESES, Maria Paula G. de. NUNES, João Arriscado. Para ampliar o cânone da ciência: a diversidade epistemológica do mundo. In: SANTOS, Boaventura de Souza (org). Semear outras soluções:os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 21-26.
SCLIAR, Moacyr. Do mágico ao social: trajetória da saúde pública. São Paulo, SENAC, 2005.
SHIVA, Vandana. Development - for the 1 per cent. In: KOUTHARI, Ashish et al. (Ed.). Pluriverse: a post-development dictionary. Delhi: Tulika Books, 2019, p. 6-8.
STAVENHAGEN, Rodolfo. Etnodesenvolvimento: uma dimensão ignorada no pensamento desenvolvimentista. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro,v. 84, 1985, p. 11-44.
SVAMPA, Maristella. The Latin American critique of development. In: KOUTHARI, Ashish et al. (Ed.). Pluriverse: a post-development dictionary. Delhi: Tulika Books, 2019, p. 18-21.
TAMBELLINI, Anamaria Testa. CÂMARA, Volney de Magalhães. A temática saúde e ambiente no processo de desenvolvimento do campo da saúde coletiva: aspectos históricos, conceituais e metodológicos. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, 1998, p. 47-59.
VIOTTI, Ana Carolina de Carvalho. As práticas e os saberes médicos no Brasil colonial (1677-1808). Dissertação de Mestrado, História, Faculdade De Ciências Humanas e Sociais Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho”, 2012.
XABA, T. Prática médica marginalizada: a marginalização e transformação das medicinas indígenas na África do Sul. In: SANTOS, B. S. (Org.). Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 377-421.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
As autoras ou autores cedem gratuita e automaticamente à Revista ACENO os direitos de reprodução e divulgação dos trabalhos publicados.