O "veneno" e a adrenalina na "vida do crime": corpo, emoções e subjetivação
DOI:
10.48074/aceno.v6i12.8987Resumo
O artigo apresenta dois conjuntos de sensações, emoções que perpassam a experiência na “vida do crime” a partir de duas pesquisas de campo centradas em narrativas de adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas. Trata-se de uma aproximação a uma experiência em que se vive, ao mesmo tempo, “no veneno” – com sensações que misturam angústia, sofrimento, raiva e tristeza – e na intensidade de uma “vida loka” marcada por adrenalina, presenteísmo, “alterações” via uso de drogas. Discute-se, ainda, a função terapêutica da narrativa como forma de desabafo, bem como a elaboração do “veneno”, dos castigos e torturas sofridos, em termos de “fortalecimento”. O aspecto da medicalização compulsória dos adolescentes também é apresentado. Corpos, vidas, que têm um destino certo: “hospital, cadeia e caixão”, mas que são constituídas – via processos de subjetivação e de uma série de resistências - como vidas que valem a pena ser vividas.
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