Recepção musical e política: ensaio sobre os consensos e contrassensos acerca da música dos Brô Mc’s no contexto da Reserva Indígena de Dourados e em seu entorno.

Autores

  • Jacqueline Candido Guilherme jacquelinecguilherme@gmail.com
    Programa de Pós Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

10.48074/aceno.v5i10.7333

Resumo

Neste artigo, analiso o lugar no qual as narrativas musicais dos Brô Mc’s ocupam no contexto da Reserva Indígena de Dourados e entorno, através de um estudo da recepção musical entre os Kaiowá e os Guarani. A partir da fala de interlocutores indígenas, procuro demonstrar os consensos e contrassensos que ocorrem nessa recepção. Primeiramente, apresento as tensões entre as apreciações estéticas a respeito dos gêneros musicais. Em seguida, exploro as implicações geradas por um certo reconhecimento externo, normalmente por parte de não indígenas, e como isso afeta as políticas internas Kaiowá e Guarani. Também destaco as implicações da recepção musical a partir da perspectiva de algumas lideranças indígenas e de seus parentes apontando para as formas políticas que elas engendram. Por fim, argumento que o enfoque na recepção musical, as tensões que emergem através dessa analise podem informar maneiras particulares de se fazer política entre esses grupos indígenas.

Biografia do Autor

Jacqueline Candido Guilherme, Programa de Pós Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina

Mestra em Antropologia Social e doutoranda pela UFSC. Integrante pesquisadora do MUSA (Núcleo de Arte, cultura e sociedade na América Latina e no Caribe) 

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Publicado

2019-07-07

Edição

Seção

Dossiê Temático: Políticas Ameríndias