A coca e os direitos da Mãe Terra: uma ontologia latino-americana

Autores

DOI:

10.48074/aceno.v3i6.4294

Resumo

O presente artigo analisa o aspecto jurídico-político da relação entre a planta da coca [Erythroxylum coca] com a Pachamama, conceito andino traduzido aqui como o de Mãe Terra. Focaliza-se nas implicações das reformas constitucionais dos países andinos do Equador e da Bolívia na primeira década de 2000 como refundação política dos laços entre a humanidade e seu entorno. Posteriormente, apresentamos a paisagem etnográfica das festas da Pachamama no Noroeste Argentino, área que tem se reivindicado como parte da comunidade de países andinos. Propomos aqui que a compreensão do vínculo entre a planta da coca e a Pachamama estabelece uma ponte entre princípios jurídicos abstratos e o cotidiano. Na relação ontológica entre seres humanxs e plantas, elas se assumem em tanto que sujeitxs com agência e poder transformador. Colocamos aqui que a compreensão desse diálogo enraizado é fundamental para abrir caminho às dimensões jurídicas, sociais, pedagógicas e epistemológicas que valorizam a sagrada existência da Pachamama assim como àquelas plantas que encarnam a mais vibrante expressão da sua agência. 

Biografia do Autor

Maria Eugenia Flores, Instituto de Investigaciones en Ciencias Sociales y Humanidades - Consejo de Investigación Universidad Nacional de Salta (ICSOH-CONICET-CIUNSa)

Tem bacharelado em Antropologia Social pela Faculdade de Humanidades da Universidade Nacional de Salta (UNSa), Argentina. É doutoranda no Departamento de Antropologia da Universidade de Buenos Aires (UBA). Realizou o seu trabalho de campo na província de Salta, com povos indígenas e em áreas urbanas com diversos grupos sociais que consomem coca para fins recreativos (tribunais, legislatura, clubes, partidos) e ritualmente (peregrinações, virgem Urkupiña). Também realizou trabalho de campo durante os últimos oito anos com xs curandeirxs dos Andes (Bolívia e Peru), os quais leem coca y cujos poderes se devem a terem sido “tocados pelo raio”. As pesquisas de Eugenia se focalizam nas “maneiras de fazer” com a planta da coca em vários cenários: públicos, rituais, secredos, marginais. Atualmente, está concluindo seu doutorado com uma bolsa do CONICET e com local de trabalho no Instituto de Investigação em Ciências Sociais e Humanas (ICSOH) na UNSa.

 

Downloads

Publicado

2017-03-31

Edição

Seção

Dossiê Temático