“Hipocrisia”: a visão dos gays cabo-verdianos sobre o seu próprio sistema de gênero

Autores

  • Francisco Miguel fpvmiguel@gmail.com
    Universidade de Brasília

DOI:

10.48074/aceno.v3i5.3276

Resumo

Neste artigo, pretendo apresentar um quadro das noções de gênero e identidade sexual em Cabo Verde, suas estabilidades e tensões, a partir da perspectiva privilegiada dos sujeitos homossexuais daquele país. Nesse sentido, a categoria êmica “hipocrisia” apareceu recorrentemente nos discursos dos sujeitos homossexuais pesquisados. Esta categoria de acusação parece denunciar ao mesmo tempo um silenciamento da sociedade mais ampla e uma contradição entre moralidades e práticas operantes em Cabo Verde no tema da homossexualidade. Meu argumento é que mais do que uma simples crítica moral dos sujeitos homossexuais aos seus compatriotas e a sua sociedade em geral, a categoria pode nomear uma perspectiva do sistema de gênero cabo-verdiano de relativa estabilidade, que chamei de “Sistema Hipocrisia”.

Biografia do Autor

Francisco Miguel, Universidade de Brasília

Francisco Paolo Vieira Miguel possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011) e mestrado em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (2014). Atualmente é doutorando no mesmo programa e Pesquisador Colaborador Junior no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. Além disso, integra o Grupo de Etnologia em Contextos Africanos da mesma universidade (ECOA/UnB). Neste momento, está interessado nos temas: sexualidade, movimento LGBT e contextos africanos. E-mail: fpvmiguel@gmail.com.

 

Referências

Autor, XXXX

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Publicado

2016-09-12

Edição

Seção

Dossiê Temático