Juventude e Sociabilidade em um “território pacificado” no Rio de Janeiro: diversidade de experiências e seus marcadores sociais

Autores

  • Maria Luiza Heilborn heilborn@ims.uerj.br
    Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Alfonsina Faya nofla@hotmail.com
    Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Josué Ferreira Souza josuefdesouza@gmail.com
    Universidade do Estado do Rio de janeiro

DOI:

10.48074/aceno.v1i1.1681

Resumo

O artigo versa sobre as repercussões da implantação de uma nova política de segurança pública – unidades de polícia pacificadora (UPPs) em determinado Complexo de Favelas do Rio de Janeiro.  Focaliza o impacto dessa nova ordem na dinâmica das sociabilidades juvenis, diferenciando-a por gênero e geração. Os dados foram obtidos por meio de trabalho etnográfico de uma equipe de pesquisadores jovens na localidade e utilização de diferentes estratégias metodológicas diante de alguns constrangimentos presentes no campo. A realização de entrevistas nem sempre foi bem sucedida pelo receio da parte dos informantes de serem marcados por olheiros do tráfico remanescente. O lazer dos jovens foi profundamente modificado pela interdição dos bailes funk e pelo impedimento de grupos espontâneos de conversa no âmbito da rua. Certas práticas de sociabilidade foram deslocadas para outros lugares da cidade, dificultando o acesso dos menos providos de capital financeiro. As novas políticas voltadas para a juventude, como forma de ampliar os limites de cidadania, não incorporam as expectativas dos jovens locais.

Biografia do Autor

Maria Luiza Heilborn, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professora associada do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ)

Alfonsina Faya, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Pós-doutoranda IMS/UERJ

Josué Ferreira Souza, Universidade do Estado do Rio de janeiro

Assistente de pesquisa IMS/UERJ

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Publicado

2022-03-03

Edição

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Artigos Livres