Juventude e Sociabilidade em um “território pacificado” no Rio de Janeiro: diversidade de experiências e seus marcadores sociais
DOI:
10.48074/aceno.v1i1.1681Resumo
O artigo versa sobre as repercussões da implantação de uma nova política de segurança pública – unidades de polícia pacificadora (UPPs) em determinado Complexo de Favelas do Rio de Janeiro. Focaliza o impacto dessa nova ordem na dinâmica das sociabilidades juvenis, diferenciando-a por gênero e geração. Os dados foram obtidos por meio de trabalho etnográfico de uma equipe de pesquisadores jovens na localidade e utilização de diferentes estratégias metodológicas diante de alguns constrangimentos presentes no campo. A realização de entrevistas nem sempre foi bem sucedida pelo receio da parte dos informantes de serem marcados por olheiros do tráfico remanescente. O lazer dos jovens foi profundamente modificado pela interdição dos bailes funk e pelo impedimento de grupos espontâneos de conversa no âmbito da rua. Certas práticas de sociabilidade foram deslocadas para outros lugares da cidade, dificultando o acesso dos menos providos de capital financeiro. As novas políticas voltadas para a juventude, como forma de ampliar os limites de cidadania, não incorporam as expectativas dos jovens locais.
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