Óleo de coco, banha de porco, prazer de comer e os deslizamentos do saudável: manejos de versões da Doença de Alzheimer a partir de terapias alimentares
DOI:
10.48074/aceno.v6i12.8935Resumo
Durante uma consulta em um ambulatório da demência do Distrito Federal, presenciei certa disputa que me fez atentar para a centralidade das práticas alimentares para a Doença de Alzheimer. A partir de desdobramentos dessa consulta e posteriores entrevistas e observações realizadas entre 2016 e 2018 – ao longo de uma pesquisa etnográfica sobre as terapias da Doença de Alzheimer –, reflito sobre disputas e testagens de alimentos como tipo de terapia; as quais, concluo, fazem parte central nas produções de distintas versões acerca do que é a doença e do que é saúde e corpo nesse contexto.
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