Representações da pele na experiência do sexo bareback entre homens na cidade do Rio de Janeiro

Autores

DOI:

10.48074/aceno.v6i12.8461

Resumo

Este artigo, fragmento de uma pesquisa etnográfica realizada entre os anos de 2017 e 2018 na cidade do Rio de Janeiro investigou grupos específicos de homens que se relacionam sexualmente com outros homens sem o uso do preservativo, tem por objetivo refletir sobre sentidos e valores conferidos por estes homens à pele, categoria que tem posição nuclear dentro da experiência do que chamam o sexo “sem capa”. Afinal, no contexto dos riscos que envolvem a prática do sexo “sem capa”, quais as representações da pele que emergem dos sujeitos que se lançam à experiência bareback?

Biografia do Autor

Vladimir Porfirio Bezerra, Fiocruz - Instituto Fernandes Figueira

Psicólogo clínico. Doutorando em Saúde Coletiva (ênfase em Saúde da Criança, da Mulher e do Adolescente) pelo Instituto Fernandes Figueira - Fundação Oswaldo Cruz. Especialista em Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/ Fiocruz - RJ). Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Pesquisador associado ao Grupo DADÁ - Grupo de Pesquisa em Relações de Gênero, Sexualidade e Saúde da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE - UAST). Tem experiência e interesse em estudos que abordam gênero, sexualidade, corporalidade e violência, numa perspectiva interdisciplinar entre Saúde Coletiva, a Psicologia e as Ciências Sociais. Profissionalmente, atua como consultor de políticas públicas de saúde para organismos não governamentais e municipais, e atende em consultório particular na cidade do Rio de Janeiro. 

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Publicado

2020-06-04

Edição

Seção

Dossiê Temático: Nos contornos do corpo e da saúde