Uma incursão ao “ponto de vista” da resistência à re-existências das comunidades remanescentes de quilombos e de apanhadores de flores e o Parque Nacional das Sempre-Vivas – Minas Gerais em relação ao “Estado”.

Autores

  • Fernanda Fernandes Magalhães ffmagalhaescs@gmail.com
    Universidade Federal de Minas Gerais http://orcid.org/0000-0003-1787-9528
  • Maria Tereza Rocha theterocha@yahoo.com.br
    Universidade Federal de Minas Gerais
  • Fábio Cabral Jota fabiocabralj@hotmail.com
    Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

10.48074/aceno.v3i6.4299

Resumo

O artigo aqui apresentado é uma etnografia do conflito tomado pelo ponto de vista das comunidades tradicionais dos apanhadores de flores Sempre-vivas em relação ao ponto de vista hegemônico e criminalizador do “Estado”.  Ao assumir o ponto de vista epistemológico do ambientalismo conservacionista, na criação da Unidade de Conservação de Proteção Integral, como o Parque Nacional das Sempre-vivas, sobrepõem se territórios e criminalizam o(s) modo(s) de viver e de ser dessas comunidades. Propõem-se aqui analisar e discutir situações que envolvem o desrespeito a direitos constitucionais das comunidades tradicionais, no caso remanescente de quilombos e comunidades extrativistas (apanhadores de flores sempre vivas), em favor do empreendimento ambiental.

Biografia do Autor

Fernanda Fernandes Magalhães, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestranda em Antropologia pela UFMG. Estuda povos e comunidades tradicionais, sua territorialidades e direitos.

Maria Tereza Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestranda em Antropologia pela UFMG. Estuda povos e comunidades tradicionais, sua territorialidades e direitos.

Fábio Cabral Jota, Universidade Federal de Minas Gerais

Antropólogo. Estuda povos e comunidades tradicionais

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Publicado

2017-03-31

Edição

Seção

Dossiê Temático