A produção de laços compadrio entre escravos e forros (sul do Brasil, c.1830-1870)

Autores

  • Marcelo Matheus Instituto Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.22228/rtf.v12i2.968

Resumo

Há mais de três décadas, o estudo dos laços do compadrio entre escravos e egressos do cativeiro vem ganhando importância. Nesse contexto historiográfico, o presente artigo aborda as relações de compadrio produzidas por escravos e forros, entre c.1830 e 1870, tendo como recorte espacial para aplicação da problemática Bagé, no extremo sul do Brasil, localidade bastante representativa daquela sociedade de então (população escrava significativa, disseminação da posse cativa pelo tecido social e predomínio de pequenas escravarias).Palavras-chave: Escravidão; batismos; compadrio.

Biografia do Autor

Marcelo Matheus, Instituto Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisa História do Brasil Império, com ênfase nos temas Escravidão, Hierarquia e Desigualdade Social e Liberdade. Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2019-12-30

Como Citar

Matheus, M. (2019). A produção de laços compadrio entre escravos e forros (sul do Brasil, c.1830-1870). Revista Territórios E Fronteiras, 12(2). https://doi.org/10.22228/rtf.v12i2.968