“Chico Fininho”, o “Jorge morreu”! E “tá todo mundo se aplicando pra festa” na “Farinha do desprezo”: as drogas na produção roqueira em Portugal e no Brasil nos anos 1980

Autores

  • Paulo Gustavo da Encarnação Pós-doutorando pela PUC-SP. Bolsita PNPD da Capes

DOI:

https://doi.org/10.22228/rtf.v12i2.963

Resumo

Este artigo tem como objetivo geral refletir histórico e comparativamente como a produção do rock português e brasileiro dos anos 1980 abordou a temática das drogas, especialmente, a cocaína e a heroína, em suas canções. A partir da década 1970 e, sobretudo, a de 1980, a produção, o tráfico e o consumo de tais drogas tiveram um crescimento vertiginoso em escala mundial. Desse modo, esta proposta visa analisar como os roqueiros, tanto lá quanto cá, narraram e representaram as drogas em suas composições.

Biografia do Autor

Paulo Gustavo da Encarnação, Pós-doutorando pela PUC-SP. Bolsita PNPD da Capes

Doutor em História pela FCL/Unesp-Assis. Pós-doutorando pela PUC-SP. Bolsita PNPD da Cape

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Publicado

2019-12-30

Como Citar

Encarnação, P. G. da. (2019). “Chico Fininho”, o “Jorge morreu”! E “tá todo mundo se aplicando pra festa” na “Farinha do desprezo”: as drogas na produção roqueira em Portugal e no Brasil nos anos 1980. Revista Territórios E Fronteiras, 12(2). https://doi.org/10.22228/rtf.v12i2.963