Imagens e Palavras na escritura da Narrativa Etnofotográfica: Notações Metodológicas

Resumo

O uso de imagens tem crescido significativamente na pesquisa acadêmica a partir do último quartel do século XX, apesar deste uso não ser uma novidade, já que antropólogos como Malinowski (Argonauts of the Western Pacific. An Account of Native Enterprise and Adventure in the Archipelagoes of Melanesian New Guinea, 1922), Margareth Mead e Gregory Bateson (Balinese Character, 1942), Lévi-Strauss (La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara, 1948), entre outros, durante suas pesquisas de campo, fizeram uso de  imagens, sejam fotografias ou vídeos . Este caminhar do uso da fotografia se faz até hoje a partir da tensão causada pela possibilidade desta integrar a escritura acadêmica, não mais como mero instrumento ou ilustração, mas como outra escritura, não excludente, mas em diálogo com a escrita, e que consiga visibilizar de que forma as subjetividades são objetivadas.  Daí entender-se a produção final do etnógrafo não mais como uma escrita, mas uma escritura, compreendendo-se esta como estratégia de produção de sentido em determinado texto, não somente uma técnica de inscrição textual ou um suporte material da linguagem verbal e não verbal, isto é, o texto como imagens, palavras, sons. Razão pela qual que nossa consideração pelo conceito de etnofotografia seja em razão do acento na perspectiva antropológica do uso da fotografia (o ensaio fotográfico como sequência narrativa), para além de uma finalidade artística, pautada no registro cênico de aspectos de uma cultura, preocupada com experimentalismos imagéticos e na desorganização e aleatoriedade da imagem. E é do uso sistemático da fotografia na pesquisa etnográfica que iremos analisar e propor um caminho metodológico.