Um confronto de palavras e ações: o jornal das trincheiras em cena na "Revolução Constitucionalista" de 1932

Resumo

Averiguar os usos da retórica em tempos de confronto, problematizando as nuances do discurso “proselitista” na arregimentação de corações e mentes para um delicado enfrentamento armado envolvendo estados do mesmo país, são objetivos propostos neste artigo. Nele emerge ao centro do debate o Jornal das Trincheiras, publicação oficial do comando insurrecto paulista, que circulou durante os meses de luta em 1932, perpassando a retaguarda e as linhas de combate e levando consigo o conforto moral e a esperança de vitória aos contendores. A especificidade do jornalzinho, que conta com a colaboração da elite intelectual paulista da época, precisa ser investigada, pois nele se condensa o discurso “proselitista”, peça proeminente do entrincheiramento, tendo em vista que São Paulo sustentou a beligerância por quase três meses com recursos bélicos notoriamente inferiores aos do Governo Provisório e, a despeito da derrota militar, celebra hodiernamente a vitória moral de seu levante.