Trabalho doméstico não remunerado e historiografia brasileira: inquietações sobre ausências e invisibilidades

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DOI:

https://doi.org/10.22228/rtf.v14i1.1133

Resumo

Esse artigo analisa pesquisas recentes sobre trabalho doméstico não remunerado, no campo da História, apresentadas em congressos científicos. A análise se moveu pela percepção de que os trabalhos que abordam o tema são raros na produção historiográfica. Assim, se questionam as razões pelas quais a historiografia, com amplo campo de produção teórica sobre o tempo, e empírica sobre o trabalho e o cotidiano têm, apesar disso, encoberto o tempo e o trabalho não remunerado das mulheres. As disputas que afastaram o trabalho doméstico das noções de trabalho e valor guiarão o debate.

Biografia do Autor

Soraia Carolina de Mello, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora (2016) e mestre (2010) em História Cultural, bacharel e licenciada (2007) em História pela mesma instituição. Acesso ao currículo em http://lattes.cnpq.br/7470003514048395  

Glaucia Cristina Candian Fraccaro, Universidade federal de Santa Catarina (UFSC)

Professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora (2016) em História Social.

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Publicado

2021-10-06

Como Citar

de Mello, S. C., & Fraccaro, G. C. C. (2021). Trabalho doméstico não remunerado e historiografia brasileira: inquietações sobre ausências e invisibilidades. Revista Territórios E Fronteiras, 14(1), 40–58. https://doi.org/10.22228/rtf.v14i1.1133