A emergência da primeira geração de travestis no Brasil, na década de 1960

Autores

  • Marina Duarte Université Paris 8
  • Fábio Henrique Lopes UFRRJ

DOI:

https://doi.org/10.22228/rtf.v14i1.1124

Resumo

Com este artigo destacaremos a emergência da primeira geração das travestis brasileiras, na década de 1960. Nosso objetivo é investigar as condições de possibilidades materiais e simbólicas que permitiram a construção/emergência dessa histórica subjetividade. Iluminamos três percursos individuais de personagens dessa primeira geração de travestis para identificar pontos de desvios no percurso da história das sexualidades e de gênero no Brasil, evidenciando mudanças nas relações sociais e nos processos de autodefinição. 

Biografia do Autor

Marina Duarte, Université Paris 8

Marina Silva DuarteDoutora em História (Universidade Paris Diderot - Paris VII) e doutora em cotutela em Ciências Sociais (UNESP), pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Paris-8.

Fábio Henrique Lopes, UFRRJ

Professor Associado do Departamento de História da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Membro Permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRRJ. Coordenador do LabQueer – Laboratório de estudos das relações de gênero, masculinidades e transgêneros/UFRRJ. Pesquisador do Cerilac – Centre d’Études et de Recherches Interdisciplinaires de l’UFR Lettres, Arts et Cinéma d’Université de Paris e do CNPq.

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Publicado

2021-10-06

Como Citar

Duarte, M., & Lopes, F. H. (2021). A emergência da primeira geração de travestis no Brasil, na década de 1960. Revista Territórios E Fronteiras, 14(1), 151–177. https://doi.org/10.22228/rtf.v14i1.1124