“Minha comadre. Quero que minha afilhada se chame Luciana”: a trajetória da professora Luciana de Abreu e a luta pela emancipação feminina por meio da educação
DOI:
https://doi.org/10.22228/rtf.v14i1.1089Resumo
O objetivo do presente trabalho é entender, através de uma experiência individual, como as mulheres foram se inserindo em espaços masculinos, bem como de que modo conseguiram contornar os controles e restrições de gênero. A pesquisa ora apresentada investiga a trajetória da professora Luciana Maria de Abreu, nome de rua da cidade de Porto Alegre, enjeitada na roda dos expostos da Santa Casa de Misericórdia local e referência do feminismo oitocentista provincial. Nosso objetivo é perceber a maneira como determinadas mulheres serão tratadas nos espaços públicos urbanos, como se posicionam, suas estratégias, experiências sociais e inserções nos mundos do trabalho oitocentista, sem deixar de levar em conta os pertencimentos étnico-raciais e as localizações em redes sócio-familiares.Referências
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