Truvada: uma possível cartografia sobre a sexualização de um medicamento. Como ao A, B, C se pode adicionar o D.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/2410051.8.23-11


Resumo

O artigo aborda a epidemia mundial de HIV/AIDS e as estratégias de prevenção relacionadas. Descreve-se o paradigma tradicional de prevenção conhecido como as “três A, B, C”, que inclui: a) abstinência (Abstinence), b) parceiro(a) sexual exclusivo(a) (Between), e c) preservativo (Condom). A esse modelo, recentemente foi adicionada a “D”, referindo-se ao uso de medicamentos (Drugs). O objetivo principal do trabalho é descrever e refletir sobre uma possível cartografia crítica em torno do medicamento TRUVADA®, utilizado como profilaxia pré-exposição (PrEP) na prevenção do HIV, e analisar a controvérsia gerada pelo seu uso no âmbito social. Metodologicamente, a pesquisa baseia-se em uma revisão de fontes secundárias, incluindo estudos acadêmicos e autores relevantes no tema. A partir dessa revisão, desenvolveu-se uma cartografia crítica que explora o surgimento, o uso e a interação social em torno do TRUVADA®, bem como os atores sociais envolvidos nesse processo até 2014, considerado o momento cronológico mais relevante em relação ao uso do TRUVADA® como PrEP. Entre os principais achados, destaca-se que o uso do TRUVADA® transformou as ecologias sexuais, ao modificar as dinâmicas e práticas associadas à sexualidade. No entanto, essa transformação também gerou novos processos de discriminação e sorofobia, particularmente em relação às pessoas que utilizam esse medicamento. Esses processos evidenciam tensões e debates éticos em torno da medicalização da sexualidade. Conclui-se que o TRUVADA® representa não apenas um avanço biomédico na prevenção do HIV, mas também um fenômeno sociocultural que redefine as relações entre sexualidade, saúde e medicamentos. Esse cenário implica uma medicalização da sexualidade, ao mesmo tempo que transforma o medicamento em um elemento central nas práticas sexuais contemporâneas, com implicações tanto positivas quanto problemáticas em termos de equidade e estigmatização.

Biografia do Autor

  • Augusto Claudio Andrés Obando Cid, Universidad de La Frontera

    Matrón, Professor de Educação Básica; Licenciado em Educação; Mestre em Ciências Sociais Aplicadas (Universidade de La Frontera – Temuco, Chile). Doutor em Processos Sociais e Políticos na América Latina (UARCIS). Doutor em Ciências Sociais (Universidade do Chile). Acadêmico do departamento de Saúde Pública, Faculdade de Medicina, Universidade de La Frontera. Interessado em temas que intersectam corpo, sexualidade e política, faz parte do Núcleo de Sociologia do Corpo/Emoções da Universidade do Chile, com diversas publicações em língua espanhola, que analisam a semiótica do HIV/AIDS, a ciberencarnação através de plataformas digitais de sexualidade e a interseccionalidade de gênero, sexo e raça/etnia no contexto chileno. É diretor do Diplomado em Estudos Biopolíticos, Biopolíticas desde a Fronteira, na Universidade de La Frontera, e ministra o curso eletivo de genealogia do corpo na modernidade.

  • Héctor Luis Baz Reyes, Instituto Federal de São Paulo – IFSP

    Doutorando em Educação, com ênfase em Psicologia e Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Taubaté (UNITAU) e mestre em Ciências Sociais pela Universidad de Artes y Ciencias Sociales (UARCIS) em Santiago de Chile. Graduado em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), também possui especialização e graduação em Língua Espanhola e Literatura pelo Centro Regional de Professores de Salto, Uruguai, em 2000, com diploma revalidado pela Universidade de Brasília em 2013, além de ser licenciado em Letras/Português pela Universidade Metodista de São Paulo (2013). Possui experiência nas áreas de Letras, com ênfase em Literatura Hispanoamericana, e em temas relacionados a Gênero, Sexualidade e Etnias, com foco em Estudos de Gênero. Capacitado em Educação da Sexualidade para jovens (ANEP - Uruguai), integra a equipe coordenadora do Núcleo de Gênero e Sexualidade do IFSP, além de participar do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE - IFSP) e dos coletivos Identidades e GT Enfrentamento à Violência - IFSP. Atualmente, leciona as disciplinas de Espanhol e Português no Instituto Federal de São Paulo, Campus Jacareí.

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Publicado

05-04-2025

Como Citar

Truvada: uma possível cartografia sobre a sexualização de um medicamento. Como ao A, B, C se pode adicionar o D. (2025). Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 8(23). https://doi.org/10.29327/2410051.8.23-11