Por que o cristianismo fundamentalista tem medo da sapatona aberrante?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29327/2410051.7.22-112


Resumo

O ensaio tem como proposta problematizar o discurso acerca do cristianismo fundamentalista e o discurso da extrema-direita. Ambos se forjaram na política, ocasionando um discurso em torno do falatório da ideologia de gênero. Anexamos uma carta-manifesto escrita no ano de 2021 por três pessoas sendo uma delas em condição de dissidente sexual e de gênero, na qual denunciam o conservadorismo de uma comunidade católica situada na periferia de Cariacica, Espírito Santo. A carta é um analisador (ferramenta da análise institucional), que dá abertura para a reflexão a respeito do modo como o cristianismo fundamentalista produz violência. Ao mesmo tempo, a carta é um arquivo de problematização das práticas e de resistência. Lançamos, também, indagações sobre como a igreja católica continua sendo um lugar de paradoxo, que prega “amor” e “ódio” entre fiéis. Em tempos de discursos de ódio e de fascismos, algumas vidas permanecem vulneráveis, sendo alvos de diversos ataques. A sapatona, como desvio de identidades, mobiliza a política do borramento e do incômodo à norma. É relevante ressaltarmos que, desde 1995, na Conferência Mundial da Mulher da Organização das Nações Unidas, o Vaticano questionou a existência da lésbica como ser humano de direito. Os grupelhos eclesiais haviam indagado se a lésbica seria mesmo mulher. O poder pastoral que vigia os corpos é o mesmo que prega a paz. Nessa perspectiva, o que esses discursos produzem como práticas sobre as existências dissidentes? É imprescindível destacarmos que o discurso fundamentalista propicia o fascismo, uma vez que faz o ódio ao outro ganhar força. Assim, o extermínio da população negra, a violência doméstica, o assassinato de mulheres cis e trans, e a lesbofobia são experiências que, acusadas por práticas conservadoras, são produzidas por discursos, que rogam seus apagamentos. Finalmente, o presente escrito lança um diálogo com Michel Foucault e Judith Butler a respeito das tecnologias de controle do poder pastoral e das vigilâncias dos gêneros e sexualidades, questionando, por fim: quando uma vida importa e quais pistas sobre práticas de resistências são possíveis pensar num tempo em que todos/as vigiam o CU do/a outro/a?

Biografia do Autor

  • Jessica Tatiane felizardo, Universidade Federal do Espírito Santo

    Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia Institucional na Universidade Federal do Espírito Santo.

  • Ana Paula Figueiredo Louzada, Universidade Federal do Espírito Santo

    Ana Paula Figueiredo Louzada, Doutora em Educação, Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Psicologia Institucional na Universidade Federal do Espírito Santo. 

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Publicado

18-03-2024

Edição

Seção

Dossiê Temático: Conservadorismos e as questões de gêneros e sexualidades

Como Citar

Por que o cristianismo fundamentalista tem medo da sapatona aberrante?. (2024). Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 7(22). https://doi.org/10.29327/2410051.7.22-112