“I’ve always felt queer”

insurgência de Sam Smith e as tensões no/com o corpo, gênero e sexualidade

Autores

Resumo

Desde críticas ao corpo até xingamentos, Sam Smith é alvo constante de ameaças contra sua vida. Frente às violências LGBTfóbicas que se expandem com vigor a cada aparição, objetiva-se, neste artigo, refletir como a insurgência de Sam Smith na cena pop desordena regulações normativas de gênero e sexualidade de modo a provocar e questionar limites para os corpos. Metodologicamente, ancora-se na perspectiva indiciária (BRAGA, 2008) para perceber algumas evidências sobre sua aparição pública e a identificação como pessoa não-binária. Para tanto, o trabalho se estrutura em dois eixos. Primeiro, parte-se das desobediências não-binárias, mobilizando o repertório da teoria queer, como abjeção (MISKOLCI, 2020), corpo estranho (LOURO, 2020) e contrassexualidade (PRECIADO, 2014), a fim de notar como a emergência pública desse corpo desestabiliza a pretensa solidez cisheteronormativa. Em seguida, voltam-se às resistências na cultura pop a fim de vislumbrar como esse movimento ocorre e como a arte se torna o locus central de evidências e questionamentos sobre si e o mundo. Como resultados desse percurso, é possível perceber que a fama de Sam Smith lhe possibilita criar e mostrar seu corpo. Por ser artista mundialmente conhecido nas mídias, o destaque se torna ainda maior quando suas músicas atingem as melhores posições nas paradas de sucesso e, consequentemente, têm os clipes mais acessados nas plataformas de streaming. Mesmo que brinque e jogue com as brechas na arte e, de certa forma, mostre e construa sua subjetividade, elu está em associação a um cenário comercial no qual métricas e ranqueamentos concretizam sua ascensão ou derrocada. Por isso, os meandros das normas que pedagogizam seu corpo imbricam, neste contexto, em campos do mercado musical pop. No entanto, a cultura pop é um terreno fértil e aberto para experimentar e criar, ações mobilizadas por Sam ao estranhar normatividades e voltar-se radicalmente pela alegria.

Biografia do Autor

Maurício João Vieira Filho, Universidade Federal de Juiz de Fora

Doutorando no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGCOM/UFJF). Atualmente, é bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, anteriormente, do Programa de Bolsas de Pós-graduação (PBPG/UFJF). É mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG) e jornalista graduado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Desde 2019, é integrante do grupo de pesquisa DIZ: Discursos e Estéticas da Diferença. Suas pesquisas se voltam às discussões sobre gênero, sexualidade e corpos a partir do ponto de vista comunicacional. Também estuda as diferenças como forma de questionar marcadores sociais com base nos acionamentos teórico-políticos da teoria queer. Outros interesses de pesquisa são narrativas de vida, cultura pop e campo do pornográfico. 

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Publicado

2023-11-21

Como Citar

Vieira Filho, M. J. (2023). “I’ve always felt queer”: insurgência de Sam Smith e as tensões no/com o corpo, gênero e sexualidade. Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 6(20), 441–459. Recuperado de https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rebeh/article/view/15491

Edição

Seção

Artigos de Tema Livre