Transmissão e contágio nas relações entre mães lésbicas e suas filhas e filhos

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Resumo

O presente texto pretende abordar a temática das homoparentalidades nas vozes de filhas e filhos que cresceram ou crescem em lares de mães lésbicas, mais especificamente no que tange à vivência da sexualidade dessas/es filhas/os. Para tal, utilizaremos as noções de contágio e transmissão como forma de pensar os atravessamentos da homossexualidade das mães na vida dessas/es filhas/os, uma vez que, ainda hoje, é difundida a ideia de que mães lésbicas criarão lésbicas e gays. Compondo com as noções de contágio e transmissão, o dispositivo da sexualidade e o dispositivo da maternidade serão evocados: o primeiro pelo fato de filhas/os aqui abordadas/os se construírem subjetivamente referenciadas/os à homossexualidade das mães, entendendo sexualidade como participante dos jogos de saber e poder; o segundo por se configurarem a partir de exercícios de maternidade. A perspectiva de filhas/os será trazida com base em entrevistas individuais realizadas com seis filhas brasileiras, cinco francesas e dois filhos, um de cada nacionalidade, no Brasil e na França, no período de 2016 a 2018, no curso de uma pesquisa de doutorado. Observou-se que a ideia de transmissão da homossexualidade foi completamente rechaçada pelas/os filhas/os entrevistadas/os, até porque a orientação sexual de uma pessoa é forjada numa complexidade de eventos e vivências, posição essa que reforça o que inúmeros estudos já apontavam. Enfim, o trabalho sugere que essas/esses filhas/os foram contagiadas/os, sim, por suas mães. Porém, contagiadas/os com visões de mundo plurais. Foi-lhes transmitido abertura para enxergarem multiplicidades de formas de ser, mas não lhes foi transmitido homossexualidade.

Biografia do Autor

Mônica Fortuna Pontes, GEPSID/UERJ

Doutora em Psicologia (Psicologia Social) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2019). Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) na Université Paris 8 - Vincennes-Saint-Denis, Paris (2017-2018). Mestre em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC (2011). Possui graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC (1990). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Subjetividades e Instituições em Dobras (GEPSID/UERJ). Faz parte da Red Latina de Investigadores en Biotecnologías Reproductivas (REDLIBRE). Especialista em Psicologia Clínica - CRP (2002). Possui formação em Psicoterapia Reichiana (2003) pelo Núcleo de Psicoterapia Reichiana. 

Anna Paula Uziel, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1988), graduação em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1991), mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1996) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Atualmente é professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pesquisadora associada do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ) . E fundadora do GEPSID - Grupo de Estudos e Pesquisas Subjetividades e Instituições em Dobras. Coordenadora da área de Psicologia da FAPERJ. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da UERJ (biênio 2019/2021). Integrante da Rede Caleidoscópio - Rede Nacional de Estudos e Pesquisas Feministas, Transfeministas, Antirracistas, Interdisciplinares e Decoloniais.

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Publicado

2023-09-01

Como Citar

Fortuna Pontes, M., & Uziel, A. P. (2023). Transmissão e contágio nas relações entre mães lésbicas e suas filhas e filhos. Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 6(20), 83–111. Recuperado de https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rebeh/article/view/15428

Edição

Seção

DOSSIÊ TEMÁTICO: Parentalidades LGBTQIA+: desafios e experiências