Suicídio e Masculinidades
Reflexões sobre a dialética da vida e morte de homens negros
DOI:
10.31560/2595-3206.2022.16.13645Resumo
Este artigo é fruto de reflexões que realizo desde a minha dissertação de mestrado, na qual discuto de que modo a literatura sobre suicídio tem abordado este fenômeno em relação a jovens LGBTTIs, questionando se os marcadores de raça, gênero e sexualidade são acionados nessas discussões e de que forma são discutidos. Além disso, as reflexões que realizo, neste artigo, também estão conectadas com vivências, estudos e reflexões que venho desenvolvendo sobre suicídio, violência e masculinidades. Neste sentido, o objetivo deste texto é refletir sobre o quanto as estruturas de poder, centralizadas na ideia patriarcal, corroboram o adoecimento e passam a ser um fator de risco para o fenômeno do suicídio, sobretudo, de corpos negros. Entende-se que as masculinidades são construtos sociais, políticos, complexos e localizados, hierarquicamente, em um regime de gênero, deste modo, precisamos rejeitar formas óbvias de essencialismo e dicotomização, posto que o fenômeno das masculinidades, por mais universal que seja, apresenta particularidades, bem como singularidades no modo de ser e estar. Sendo assim, essencializar nada mais é do que uma ferramenta ideológica de desumanização. Diante desta relação: violência, masculinidades e suicídio é imprescindível compreender o impacto dos determinantes sociais em saúde, uma vez que são diferenças nas condições e nas oportunidades de vida que podem gerar desigualdades que são injustas e evitáveis. Logo, falar do fenômeno do suicídio na população negra e, aqui, em especial, de adolescentes e jovens negros, não raro, o que se verifica é o apagamento e o silenciamento dessas identidades, afinal, qual é o valor dessas vidas em uma sociedade que ainda resiste em reconhecer o racismo? Deseja-se que as pessoas permaneçam vivas, não que elas possam ter uma vida que não lhes faça desejar a morte, a preocupação está muito mais em que elas não se matem do que nelas terem uma vida que seja digna de ser vivida. Deste modo, é de suma importância compreendermos que noções como masculinidades, suicídio e sofrimento possuem um código de endereçamento postal, composto por, no mínimo, as categorias de gênero, masculinidades, classe, territorialidade, raça, etnia, dentre outras, afinal, a vulnerabilidade é constituída pela interação entre o contexto social, cultural, político, econômico e ambiental.
Palavras-chave: Masculinidades; Suicídio; Racismo.
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