Um passo a mais para entendermos a leitura crítica: notícia, gênero, sexualidade e educação

Autores

DOI:

10.31560/2595-3206.2020.11.10766

Resumo

Este artigo, resultante de um trabalho de conclusão de curso em Letras pela UFPE, disserta sobre a importância da leitura crítica na formação de indivíduos autônomos/as. Buscamos aplicar, em um material didático, o que os Parâmetros Curriculares para a educação básica de língua portuguesa do Estado de Pernambuco (PERNAMBUCO, 2012) orientam sobre esse tema e, aqui, apresentarmos alguns fundamentos teóricos e resultados obtidos desse processo. A aplicação didática teve como objeto de estudo o gênero notícia, por meio de 5 textos noticiosos publicados no jornal Folha de S. Paulo, nos anos de 2016 e 2017, sobre a vivência de pessoas de gênero e sexualidade dissidentes. Almejamos, especificamente, refletir sobre a formação de alunos/as que sejam capazes de compreender a importância de uma leitura formadora da própria autonomia e que respeitem e deem visibilidade às vivências dessas pessoas marginalizadas por gênero e sexualidade. Os diálogos teóricos que estabelecemos se apoiam em Solé (1998) e em Silva (1985; 2009) para dissertar sobre leitura, leitura crítica e o ensino de leitura; em Melo (2013) e no Manual da Folha (2007) para compreensão do gênero notícia, seus aspectos discursivos e reflexões sobre visibilidade de sujeitos; e em Miskolci (2015) e Butler (2008; 2017) à discussão acerca da vivência de pessoas de gênero e sexualidade abjetificados. Consideramos este artigo indispensável para discutir e refletir sobre leitura, ensino-aprendizagem-avaliação, discurso jornalístico, criticidade, respeito às diferenças de gênero e sexualidade e combate às violências sofridas pelo grupo de pessoas que evidenciamos neste trabalho.

Biografia do Autor

Richard Fernandes, Pós-Graduando em Estudos de Gêneros, Universidade Federal de Pernambuco

Pós-Graduando em Estudos de Gêneros e graduado em Licenciatura em Letras Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Pernambuco. Membro do Núcleo de Estudos Queer e Decoloniais, vinculado à Universidade Federal Rural de Pernambuco. Interessado pelos estudos queer e as interseções com os estudos da linguagem, áreas nas quais desenvolve pesquisa.

Iran Ferreira de Melo, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Desenvolve atividades acadêmicas sob os paradigmas dos estudos de interface entre gênero, sexualidade e linguagem, dos estudos críticos do discurso e da linguística aplicada ao ensino-aprendizagem de língua portuguesa como idioma materno. Atualmente, é professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde leciona no curso de Letras e no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Nesta mesma universidade, coordena o Núcleo de Estudos Queer e Decoloniais.

Gláucia Renata Pereira do Nascimento, Universidade Federal de Pernambuco

Mestre e doutora em Letras na área de concentração em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco, Gláucia é Professora Associada de Língua Portuguesa do Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Desenvolve pesquisas sobre gramática e ensino da Língua Portuguesa, sobre gramática da LIBRAS, sobre ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas e sobre Historiografia da Linguística.

Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. (Série Aula). São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BUTLER, Judith. O fantasma do gênero: reflexões sobre liberdade e violência. Folha de S. Paulo. São Paulo, 19 nov. 2017. Ilustríssima, p. 4-5.

BUTLER, Judith; PRECIADO, Paul.A vida não é a identidade! A vida resiste à idéia da identidade. Tradução de Luiz Morando. [Entrevista concedida a] Ursula Del Aguila. Têtu, França, 138, novembro, 2008. Disponível em <https://resistaorp.blog/2018/05/08/a-vida-nao-e-a-identidade-a-vida-resiste-a-ideia-da-identidade/>. Acesso em 10 de mai. 2018.

FOLHA DE S. PAULO. Manual da redação da folha de S. Paulo. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2007.

MARCUSCHI, Beth; SUSSUNA, Lívia. (Orgs.). Avaliação em língua portuguesa: contribuições para a prática pedagógica. 1 ed., 1 reimpressão. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

MELO, I. F. Ativismo LGBT na imprensa brasileira: análise crítica da representação de atores sociais na Folha de S. Paulo. 2013. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

MISKOLCI, Richard. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

PERNAMBUCO. Parâmetros para a educação básica do Estado de Pernambuco: parâmetros curriculares de língua portuguesa para o ensino fundamental e médio. Undime | PE. Pernambuco: SEC-PE, 2012.

SILVA, E. T. Leitura na Escola e na Biblioteca. 3. ed. Campinas: Papirus, julho/1985.

_______. Criticidade e leitura: ensaios. (Coleção Leitura e Formação). São Paulo: Global, 2009.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Claúdia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Downloads

Publicado

2021-03-01

Como Citar

Fernandes, R., Melo, I. F. de, & Nascimento, G. R. P. do. (2021). Um passo a mais para entendermos a leitura crítica: notícia, gênero, sexualidade e educação. Revista Brasileira De Estudos Da Homocultura, 3(11), 253–279. https://doi.org/10.31560/2595-3206.2020.11.10766

Edição

Seção

Artigos de Tema Livre