A violência no desenvolvimento capitalista e um giro de resistência: “Arrasou, BlayBlayds!”
DOI:
10.31560/2595-3206.2020.10.10633Resumo
O artigo propõe refletir sobre a violência dentro do desenvolvimento da cultura capitalista ao longo dos anos. E as possibilidades de resistência e subversão abertas nessas dinâmicas, observando a trajetória de um grupo de drag queens, As BlayBlayds organizadas dentro do FESTIVALE, um festival de cultura popular do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. O trato metodológico e científico se dá por meio de estudo bibliográfico e entrevista com o presidente e drag membro do grupo mencionado. O artigo faz uso das contribuições marxistas sobre a dominação capitalista, a acumulação primitiva e estudos sobre o Rural brasileiro e Jequitinhonha, para observar como o festival se torna aglutinador de resistências a essas dominações violentas, contribuições da Antropologia para estudar o corpo-rural, que caracteriza os corpos do Jequitinhonha, e os estudos do Gênero e Sexualidade para conceder outra narrativa a esses corpos. Os resultados, ainda parciais, vão apontar para o pioneirismo assumido pelas BlayBlayds, e para a necessidade de outras formas de concepção de desenvolvimento e relação com a terra e com as pessoas. Também dizem das amplas possibilidades de alargamento de fronteiras que a arte torna possível, através da Drag Queen. O estudo inédito pretende abrir caminhos e possibilidades para discussões futuras vinculadas aos Estudos da Homocultura, aos Estudos Rurais e aos Estudos Sociais, em um esforço interdisciplinar.
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